Eu gosto de acreditar na idéia de que cada um de nós pertence a um tipo particular de grupo. Há os alegram, os que constroem, que amam, que educam, investigam a veracidade de uma hipótese. Cada um é afinado com a vibração específica de sua casta, digamos assim. E falo casta porque isso não me parece uma escolha onde você pode deixar de ser alguém que cria para se tornar alguém que lidera. Inevitavelmente cada um de nós representa um tipo específico e mais proeminente de pessoa, inalterável. Passível de mudanças e erosões, sim, mas sem qualquer alteração, por mínima que seja, do material de que é feito. Descobrir a que grupo pertencemos no mundo talvez seja o que você hoje conhece e intitula como "quem sou eu". Sim, porque é tudo uma questão de com quem você anda ou não. Jesus era um cara esperto, tenho que admitir.
Eu penso demais e acho que é isso mesmo que vai estar escrito na minha ficha médica, caso seja internado um dia: "Pensou demais na vida. Surtou." Mas nessa história aprendi que é impossível e também inútil você tentar lutar contra a sua própria natureza. Algumas pessoas simplesmente são humanamente incapazes de puxar um gatilho e atirar na outra. Assim como um físico dificilmente saberá combinar notas musicais de maneira a produzir emoção. Determinadas coisas são do jeito que são e se comportam do jeito que se comportam por uma razão muito específica que ninguém consegue mudar ou sabe direito.
Apenas é.
E como a maioria de nós está concentrado demais tentando achar alguém que lhe ofereça a cobiçada sensação de estar completo, acabamos ignorando toda essa história sem saber se vivemos simplesmente porque nascemos ou se nascemos com o propósito de viver. Essa busca coletiva "secreta e diária" por encontrar alguém que alivie o peso de ser só e, mais ainda, de ser indivizível, acaba incapacitando a todos de ver aquilo que "é invisível aos olhos". E o que é invisível aos olhos, todos estão cansados de ouvir, é o essencial.
Hoje eu parei de tantar ser uma alegoria. Cansei de ser infinito enquanto dure. Estou estirando o dedo para Vinícius. Quero ser curto e durar pouco, assim como se fosse possível ser curto e durar muito. Melhor ser só uma coisa, total e forte, a ser várias de um jeito ineficaz e patético de tão líquido que é. As pessoas passam metade da vida tentando achar um significado pra tudo, tentando compreender a si mesmos e, quando finalmente descobrem, acabam passando a outra metade tentando descobrir o que fazer com o que achou. Tristeza! No fundo eu sempre soube quem eu sou, o que eu gosto e o que gostaria de ser. Nunca fui nada disso com convicção...Talvez tenha sido, as vezes, e chamei de bipolar. Mas como eu disse... É impossível mudar o que há de mais implícito e impregnado dentro de nós.
E aliás, acho que tem muita coisa desnecessária impregnada em mim. Em todos nós. Todo mundo parece que veio de Venus com signo em Libra e ascendente em Câncer. Ninguém consegue curtir a própria companhia. A gente disfarça e faz de conta que não sabemos decorado o caminho para o hospício. Mas a verdade é que, uma vez no mês, é lá mesmo que tomamos um café com duas fatias de bolo solado. Tá todo mundo lost sem a mínima idéia do que fazer da própria vida, tentando achar alguém que ponha nos trilhos esse trem desgovernado. Há quem peça a Deus, sem acreditar realmente, para que as coisas melhorem. Quem diga em voz alta pra si mesmo que tudo está indo bem, quando lá no fundo sabe que vai dar errado e é só uma questão de tempo. E ai a gente desiste da felicidade porque assim é mais fácil lidar com o que é triste. "Mas a verdade sempre vem bater a porta, a gente tenha ou não vontade".
Acabei aceitando, complascente e alérgico, essa verdade. Admiti que não gosto dessa gente que é muitos dentes e braços. Não gosto que as pessoas desviem minha atenção dos olhos para as mãos. Que falo de amor com a intimidade de quem fala de si próprio. Ou seja, sem a mínima certeza do que está dizendo. Aceitei que é humanamente impossível correspondermos sempre às expectativas dos outros, uma vez que expectativas, invariavelmente, se confundem com a utopia de cada um. Odeio que as pessoas achem bonito o que só eu deveria achar bonito. Pensando bem, acho feio! E desprezo quem olha pra mim como quem quer adivinhar alguma coisa. Quem tem a pretensão de achar que me conhece ao ponto inadmissível de responder em meu nome. Não preciso ser imprevisível a todo custo e sou até muito previsível, você vai ver. É que preciso, com algum direito, ser eu próprio, desconhecido, impraticável, somente meu e de ninguém mais. E acho que acabei descobrindo, só agora muito tarde, que tenho feito parte dos grupos errados... o que segundo minha filosofia barata significa que eu não sei quem sou ainda. Acho que sou da minoria.
Peço socorro e, meu amigo-inimigo de longa data, responde simplesmente: torna-te aquilo que tu és. Torna-te aquilo que tu és. E dá-lhe Nietzsche mais uma vez...
Aceito! Sem alergia.
É que as vezes, sei lá...
Não leve essas palavras com você. Isso foi apenas um intervalo num dia de intervalo. Texto gris, para um dia idem. Nada de mais.
E agora quero meu cigarro pra não perder o hábito.
Acendo sozinho.
Eu penso demais e acho que é isso mesmo que vai estar escrito na minha ficha médica, caso seja internado um dia: "Pensou demais na vida. Surtou." Mas nessa história aprendi que é impossível e também inútil você tentar lutar contra a sua própria natureza. Algumas pessoas simplesmente são humanamente incapazes de puxar um gatilho e atirar na outra. Assim como um físico dificilmente saberá combinar notas musicais de maneira a produzir emoção. Determinadas coisas são do jeito que são e se comportam do jeito que se comportam por uma razão muito específica que ninguém consegue mudar ou sabe direito.
Apenas é.
E como a maioria de nós está concentrado demais tentando achar alguém que lhe ofereça a cobiçada sensação de estar completo, acabamos ignorando toda essa história sem saber se vivemos simplesmente porque nascemos ou se nascemos com o propósito de viver. Essa busca coletiva "secreta e diária" por encontrar alguém que alivie o peso de ser só e, mais ainda, de ser indivizível, acaba incapacitando a todos de ver aquilo que "é invisível aos olhos". E o que é invisível aos olhos, todos estão cansados de ouvir, é o essencial.
Hoje eu parei de tantar ser uma alegoria. Cansei de ser infinito enquanto dure. Estou estirando o dedo para Vinícius. Quero ser curto e durar pouco, assim como se fosse possível ser curto e durar muito. Melhor ser só uma coisa, total e forte, a ser várias de um jeito ineficaz e patético de tão líquido que é. As pessoas passam metade da vida tentando achar um significado pra tudo, tentando compreender a si mesmos e, quando finalmente descobrem, acabam passando a outra metade tentando descobrir o que fazer com o que achou. Tristeza! No fundo eu sempre soube quem eu sou, o que eu gosto e o que gostaria de ser. Nunca fui nada disso com convicção...Talvez tenha sido, as vezes, e chamei de bipolar. Mas como eu disse... É impossível mudar o que há de mais implícito e impregnado dentro de nós.
E aliás, acho que tem muita coisa desnecessária impregnada em mim. Em todos nós. Todo mundo parece que veio de Venus com signo em Libra e ascendente em Câncer. Ninguém consegue curtir a própria companhia. A gente disfarça e faz de conta que não sabemos decorado o caminho para o hospício. Mas a verdade é que, uma vez no mês, é lá mesmo que tomamos um café com duas fatias de bolo solado. Tá todo mundo lost sem a mínima idéia do que fazer da própria vida, tentando achar alguém que ponha nos trilhos esse trem desgovernado. Há quem peça a Deus, sem acreditar realmente, para que as coisas melhorem. Quem diga em voz alta pra si mesmo que tudo está indo bem, quando lá no fundo sabe que vai dar errado e é só uma questão de tempo. E ai a gente desiste da felicidade porque assim é mais fácil lidar com o que é triste. "Mas a verdade sempre vem bater a porta, a gente tenha ou não vontade".
Acabei aceitando, complascente e alérgico, essa verdade. Admiti que não gosto dessa gente que é muitos dentes e braços. Não gosto que as pessoas desviem minha atenção dos olhos para as mãos. Que falo de amor com a intimidade de quem fala de si próprio. Ou seja, sem a mínima certeza do que está dizendo. Aceitei que é humanamente impossível correspondermos sempre às expectativas dos outros, uma vez que expectativas, invariavelmente, se confundem com a utopia de cada um. Odeio que as pessoas achem bonito o que só eu deveria achar bonito. Pensando bem, acho feio! E desprezo quem olha pra mim como quem quer adivinhar alguma coisa. Quem tem a pretensão de achar que me conhece ao ponto inadmissível de responder em meu nome. Não preciso ser imprevisível a todo custo e sou até muito previsível, você vai ver. É que preciso, com algum direito, ser eu próprio, desconhecido, impraticável, somente meu e de ninguém mais. E acho que acabei descobrindo, só agora muito tarde, que tenho feito parte dos grupos errados... o que segundo minha filosofia barata significa que eu não sei quem sou ainda. Acho que sou da minoria.
Peço socorro e, meu amigo-inimigo de longa data, responde simplesmente: torna-te aquilo que tu és. Torna-te aquilo que tu és. E dá-lhe Nietzsche mais uma vez...
Aceito! Sem alergia.
É que as vezes, sei lá...
Não leve essas palavras com você. Isso foi apenas um intervalo num dia de intervalo. Texto gris, para um dia idem. Nada de mais.
E agora quero meu cigarro pra não perder o hábito.
Acendo sozinho.