9/28/2010

sobre esmaltes

Postado por Quanta Luz |

"Mulher é engraçado: diz que escolhe pela cor, mas compra pela marca. Como assim?"


hahaha
Como assim? Como assim não é pergunta que se faça em terra de mulher. A gente apenas faz que sim com a cabeça como se tivesse compreendido. É, asseguradamente, a melhor coisa a se fazer em especial se você é homem e o assunto é esmalte. As aspas acima foram resultado de respostas dadas por mulheres quando perguntadas se o critério de compra de esmaltes era a cor ou a marca. É claro e evidente que vocês, criaturas do pântano, responderam que "sim, ambas as alternativas, por favor". Como lidar?

"Comprar esmalte pra mim é como comprar sapatos. Se seu dia foi horroroso, nada melhor que um esmalte pra deixar você mais feliz, nem que seja só nas cores, nem que te deixe feliz aparentemente. Um esmalte colorido deixa qualquer mulher mais feliz"

Duas leitoras do elaseeunomeio, que também são amigas minhas dá licença, aventuraram-se neste mundo com cheirinho de benzina para desvendar as coisinhas miúdas que existem para se saber sobre esta relação fecunda entre mulheres e esmalte. Elas chegaram a algumas estatísticas interessantes que, carinhosamente, cederam para o nosso livre entreternimento inteligente, aqui no sofá mais estrogenado da web.

Primeiros dados importantes: 75% das entrevistadas pintam as próprias unhas, 85% compram seu próprio esmalte e 65% pintam as unhas a cada semana. Ou seja, elas gostam e fazem questão de ligar o 'para-tudo' e curtir ali aquele momento mais menininha de todos, só dela, se drogando com o cheiro do esmalte. Um dos momentos mais particulares e próprios de uma mulher, certamente. Ali não é só uma atividade de beleza. Tem todo um sentimento de prazer, de auto estima, bem estar que, invariavelmente, as fazem cantar baixinho e distraidamente uma música que está em suas cabeças. Pintar as unhas é sobre sentir-se bem consigo mesma, mais do que um exercício estético.

"Quando você decide mudar a cor do esmalte que sempre u
sou é sinal que alguma coisa mudou em você. Isso também acontece quando a gente picota os cabelos..."

"Comprar uma determinada cor de esmalte é que nem comprar o espírito que acompanha a cor desse esmalte. Sabe?"


Se eu sei?
Bom, você que se senta aqui neste sofá todas as semanas já deve saber que nada, absolutamente nada, é simples quando tem a ver com universo feminino. É como esmalte, que tem um espírito perto dele entende? rs Explico. A mulher quando pinta a unha de uma cor, não há nada de aleatório ali. Ela pinta pra ser romantica, pra ser do rockmermão, pra ser soltanabalada (sem parecer que houve qualquer intencionalidade, claro), ou então parecer neutra apenas. O esmalte faz por uma mulher a mesma coisa que uma roupa, que um salto, que uma maquiagem consegue fazer por ela. O esmalte está no mesmo pé de igualdade em torná-las bem sucedidas nesta tarefa que elas desempenham com excelencia e nas quais são invencíveis: aparentar ser o que, nem tanto, são.

A maioria das meninas escolhe seus esmaltes, em primeiro lugar, pela marca e aí depois sim, pela cor. A pesquisa diz ainda que, quando não conhecem a marca, compram pelo que ouviram das amigas. Claro, o já velho conhecido serviço secreto da chapinha. Infalível, como sempre, em compartilhar informações de extrema utilidade. É ele que diz, por exemplo, que o pincel da ana hickman não é eficiente ou que o Hits é o conteúdo mais consistente. Os da risqué são os mais amplamenete difundidos entre elas mas, diz o consenso geral, a frasco mais 'bonitinho' é o da Impala. E os da Chanel, nem se fale, é o girls bestfriend da hora.

Mas essas são só os as marcas de esmalte. Você homem nem se anime achando que vai ser capaz de surpreender a menina com esmalte não. Ah não. Quando se parte pra dar nome as cores, aí meu amigo, é uma alopração que eu nunca vi. Primeiro porque nunca vi isso de cor ter nome de gente. Esmalte se chamar Marina... Gente, pare? Aí depois vem a acanalhação: azulejo portugues (!!!!!) e... Essa é ótima: tem uma cor chamada Renda gente! hahaha Renda! Por que? POR QUE MEU DEUS?????????

"Acho q essa gama de cores que está aí no mercado representa a liberdade que nós mulheres temos hoje para sermos do jeito que queremos sem nenhum tipo de restrinção. Vermelho é esmalte de puta?!!?!? Mas Sandy usa. E aí?"

E aí né?
Tem uma amiga minha que não pinta as unhas de uma determinada cor por causa do namorado que desaprova. É uma circunstancia muito nítida de como a cor das suas unhas representa a pessoa que você é e a autonomia que você tem sobre si mesma. Então há mulheres tipo francesinha que são o auge do bom comportamento, sóbrias, ousadas mas nem tanto e, com alguma possibilidade, represadas. Tem as mulheres das unhas pretas também. É o tipo mais independente de todas, dotadas de uma independencia que transita entre o extremo do rebelde (do rockmermão) e o extremo das auto suficientes. Tem as das unhas vermelhas que são estranhamente delicadas e resistentes. As modernas com antena instalada, que são adeptas de cores fluor e inesperadas. E por aí vai a lista.

"Há quem fale que é futilidade mas é isso que move o mercado. Acho importantíssimo essas futilidades porque são elas que marcam época. Levo isso como um assunto que eu vou ter nas décadas futuras, e tenho certeza q minha filhas ou netas vão amar falar disso comigo."

Desde que eu me entendo por gente esmalte ou é aquele branquinho meio tranparente, o vermelho e o preto. No final da década de noventa estourou uma onda de cor fluorescente mas que não ganhou muita força e morreu na praia dos anos 00. Passadas as temporadas, chegaram as tais das unhas decorativas que simplesmente fudeu com a vida da manicure alheia que teve que se virar em mil pra virar artista plástica de unha. Um minúncia só pra desenhar a florzinha, as montanhas atrás e o sol nascendo. Sem falar as hardcore que conseguiam desenhar com realidade um zíper abrindo na unha, gente.

Mas nunca fui nascido pra presenciar essa febre indiferente a tylenol que é a dos esmaltes hoje em dia. Pelo que eu consigo lembrar, tudo começou com o verde jade. Aí de repente as meninas começaram a aparecer com as unhas coloridas e a coisa ganhou proporções fora de controle. Há no mercado esmalte para cada cor com direito a variação de tons e texturas. Tem agora o tal do mate que deixa a unha fosca e surgem por aí técnicas para dar alto brilho. As cores com os nomes mais descabidos, designers e famosos emprestando-se a empresas de esmalte, consumo frenético construindo vícios e, o que é mais significativo, um boom sem precedentes que libera blogs de menininha (que é na realidade de esmalte) aos milhares como nunca se viu antes. Quer colocar propaganda no blog, com certeza alguma será de esmalte. Seguindo o modelo Garotas Estúpidas de ser, Impala e Risqué encabeçam o fenômeno encontrando nesses blogs da moda, uma publicidade fácil, barata e, portanto, lucrativa. Porque vamos convir, o mercado estritamente direcionado às mulheres dá um dinheiro que não é brincadeira viu? E não é de se espantar, suas maníacas consumistas! rsrs

"Não cosidero futilidade alguma o que pode unir pesso
as. Sabe uma inimiga? Pronto. Posso não gostar dela mas quando eu estou falando de esmalte, ela vira instantaneamente minha melhor amiga"

hahahauauauha
Gente, vocês não existem não. Para tudo, diretor.
Quer dizer que esmalte cura desavenças, une essas mulheres competitivas, pscicopatas e 'o meu mais bonito'?
Juro. Eu juro que não sei por que razão essas coisas ainda me causam espanto.



voltarei.

9/21/2010

Não sei se o rímel ou o destino

Postado por Quanta Luz |


Achava injusto a forma como o despertador a acordava todos os dias, com crueldade. Como se arrancasse a força o cobertor que era seu escudo de proteção durante a tormenta de longas noites sem conseguir dormir. Pensava e quanto mais pensava menos achava a solução do problema que era, enfim, um ser vivo independente de sua vontade. Abria os olhos, acionava o modo soneca do celular e tornava a fechar os olhos. Mentia para si mesma que dormiria uma eternidade antes que acordasse no fim dos dez minutos que lhe restavam antes de despertar.

Despertar. Era tão dificil todos os dias... Sair do obscuro de seu quarto, onde nunca era dia e sua vontade era feita sem que ninguém questionasse. Pensava que pela manhã é a hora em que somos todos muito parecidos uns com os outros. Zumbis, semi acordados, realizando tarefas quase que automáticas desejando que o corpo não fosse assim tão pesado. Vestia o pijama pelo avesso pra poupar o trabalho de guarda-lo pela manhã, tamanha era sua latência diante do Sol. Mas era sempre ali, quando parava na frente do espelho do banheiro, que cada um começava a ser cada um. Aquele espelho guardava a história muda contada pelos olhos de muitos dias. Ressaca, alegria, dor e esperança. Pensou se seu reflexo precisava usar lentes, como ela. Achou que não.

Ligou o chuveiro. Quase chorou porque a água era fria. De manhã cedo somos todos assim, um dramalhão sem cabimento. Todos os problemas parecem maiores e toda perspectiva de futuro é peversa. A água caía sobre o corpo despido dela como o despertador fazia com sua mente... Acordava seus cabelos, descia pela curva de seu pescoço para contornar rapidamente os seios, brincava de montanha russa em suas pernas até descansar nos pés que, dificilmente, descansavam. Tinha no mínimo dois tipos de xampus, condicionadores, cremes e centenas de outros produtos para cada vez que lavava os cabelos. Não tinha espaço pra colocar toda aquela infinidade de parafernalha química que acabava escalando timidamente para o parapeito da pequena janelinha, por onde a luz agora já mal entrava.

Fechou o chuveiro, depois de muito decidir dentro dela a hora certa de faze-lo. Enrolou-se e abriu o guarda roupa. "Que droga ser mulher" pensou diante de todo o ritual que ainda precisava conduzir antes de abrir a porta de casa. Queria usar uma roupa confortável, mas ou ela estava apertada, porque engordou, ou estava amassada porque foi jogada de qualquer jeito lá dentro. Será que uma vez na vida, não poderia sair de casa a la mode de si mesma, sem preocupar-se onde está suja, onde está assanhada, onde está borrada, onde está a droga do meu remédio pra parar com a dor dessa cólica estressada?

Pôs, como tantas vezes, um vestido fácil e um par de rasteiras idem. Blush, pra parecer viva. Lápis nos olhos, por hábito. Estava sem vontade de batom... Há os dias certos para se usar batom. Pegou o cilindro de mousse pra montar os cabelos e achou que aquilo se passaria facilmente por chantily (teria o mesmo gosto?). Pressionou e quase desmoronou ao constatar que estava vazio. "Puta que pariu", pensou consigo mesma... Sabia que o cabelo ficaria no modo 'sem jeito' pelo resto do dia.

Olhou-se no espelho. Passou sobre ela, de repente e como não quisesse nada, a estranha e bem vinda vontade de ser diferente naquele dia. Cresceu dentro dela o desejo de que aquele dia não fosse igual a todos os outros. E castigou esse desejo como se, ao fazê-lo, o Universo, penalizado e a par do sacrifício, se dispusesse a realizá-lo. Seus dedos formigavam e ela sorria agora um sorriso de núcleo ruim da novela. Falando em outros termos, aquele, certamente, era um dia de rímel.

Abriu a porta de casa e o Sol incendiou seu apartamento. Os olhos demoram alguns segundos antes que pudesse enxergar a vida. Foi invadida pelas recordações dos dias que antecederam aquele... Dentro dela uma semente havia sido plantada debaixo do solo árido que conservava em seu coração. Lá nunca chovia e por isso não se preocupou que aquela semente pudesse germinar, crescer e dar frutos, dando inicio a uma reação em cadeia perigosa que transformaria o deserto que era seu coração em um lugar em que o céu é onde acaba as árvores. Por onde atravessam raios de luz na cor que, dizem, Deus nunca deixou que ser humano algum pudesse ver.

Mas ali estava ela vivendo o que havia para viver naquele espaço de tempo sem intenção que era seu dia. Sorria, muitas vezes por convenção, conversava, as vezes sem emitir-se. Sua vida era uma repetição de esforços, pessoas, tarefas e, o que é pior, de sentimentos. Não que fosse tudo um grande tédio e inutilidade. É que ela sempre esperou mais da vida. Muito mais. De toda forma as horas caminhavam e, acho, todos concordariam como é bonito ve-la viver. Movimentava-se como se o chão fosse um longo tapete feito do mais frágil de todos os tecidos frágeis, ela uma pluma de pavão, exótica e rara, flutuando desprovida de gravidade. Estava vivendo aquele dia como vivem as mulheres: numa luta para a qual não foram avisadas. Lidava com os problemas corriqueiros simultaneamente às dores mais viscerais e (tão comumente) literais. Não sabia em absoluto se a capacidade da mulher em ser duas em uma e uma para muitos, era um dom ou uma maldição. Se sentia cansada em ser capaz de fazer tudo que tinha que fazer, representar todos os personagens que tinha que representar, acreditar em todas as suas esperanças, ser feliz tão convictamente quanto sabia que poderia não ser, ser tudo e ainda assim sentir, ao se deitar, que se parecia com o pó chovido da quarta feira de cinzas... Quando passou o carnaval, a alegria, e a vida é apenas um slowmotion tragicomico de si próprio.

Mas aquele era um dia de rímel. E dias de rímel, para aquela pequena pluma de pavão, não era um dia como todos os outros. Foi ali, quando a noita havia caído e debruçava-se meticulosa sobre o espelho em que retirava a maquiagem achando toda aquela bobagem de rímel uma bobagem, que o abominável celular tocou fazendo vibrar a mesa feita da cerejeira que, dali alguns dias, estaria florescendo no antes deserto do seu coração. Era ele.

Essa é a hora, meu caro leitor, em que a música cresce e as falas emudecem. Em que o mocinho e a mocinha compartilham do mesmo espaço em lugares diferentes unidos pela intencionalidade dos fatos. Em que ela sorri olhando pra baixo num meneio de cabelos e ele repousa os olhos nas unhas das mãos sem enxergar nada. É este o exato momento em que as circunstâncias convergem e as escolhas se tornam fatalidades. Quando os dois dizem bobagens sem fim na tentativa desesperada que o silêncio não os separe. Ela, de um lado, não acredia que ele, de outro, pudesse ter discado sem errar todos os oito digítos que atendem pelo nome dela e que tornam aquela ligação um ato repleto (!) de propósito. Ela e ele por uma razão tão óbvia quanto era incerta. Dois corpos caminhando numa corda bamba chamada amor. Amor? Ora amor. Uma bobagem que a gente cria pra justificar a ausencia de realidade que nos acomete e que nada mais é do que o desespero alcançando seu nível crítico. Isso, fique claro, é o que eu penso (só às vezes). Mas vendo ela ali e ele lá, me pareceu correto, bonito e verdadeiro. Nunca ela tinha ouvido aquelas coisas e nem ele, jamais, havia dito. Aquela ligação fora um segredo contado sobre coisas tão bem guardadas (escondidas!) a ponto de que nenhum dos dois se deu conta que violavam-se mutuamente.

E eis que estava ali, meus leitores fiéis, a pluma de pavão rara e exótica caminhando sobre a rua de pedras que era o tecido mais frágil de todos os tecidos fragéis. Transcorria aqueles segundos anormais cheia de certeza. A direção dela era a dele e a ordem dos fatores não alterava nada. Ela andava nua no meio da noite, despida de mágoas, de previsões e escudos de proteção. Ia pra ele, completamente indiferente a hora em que desafiava o mundo, solitária, no exato meio da rua. Ia com o cabelo sem jeito, o vestido fácil e o sorriso de núcleo ruim da novela que, diz-se e todos sabem, somente ela sabe fazer. Há algum tempo já coseguia entrever a janela dele, onde um borrão escuro assustava a parede. Lá dentro um homem caminhava de um lado pra outro na inquietude desastrada que lhe era elegante.

O resto, aquilo que se desenvolveu no espaço sonoro daquela madrugada em que o Universo estranhamente conspirava com o desejo súbito e íntimo que fora resultado do chantily para cabelos da nossa pluma de pavão, bom, o resto não sei dizer pois só sei o que me é permitido ver. Posso acrescentar apenas que quando eu já partia para reclinar-me sobre esse texto, acredito ter ouvido-a dizer "Deus abençoe essa porra desse rímel".

Acho, foi apenas uma impressão minha. Mas de qualquer maneira, fiel leitor, saiba que já adquiri, e você também deveria, o meu cilíndro de rímel incolor que passarei a usar com frequencia. Em matéria de amor tá valendo tudo. Sim, porque há coisas que tardam mas que de fato não falham nessa vida. E, agora aprendi, rímel é uma delas.

9/12/2010

A dor de ser mulher - capítulo 128

Postado por Quanta Luz |

Outro dia tava saindo da faculdade indo pra parada (a cara da fineza) e fiquei lá de boa esperando chegar o meu onibus (um em que se lê "mutirão" viu gente. Não sou rico?) Ai nisso tem uma menina, cabelos pretos amarrados com calor, um jeans qualquer e aquelas blusinhas assim arrumadinhas mas nem tanto, que se usa para aqueles programas de sábado pela manhã. No geral é a "sem nada" coladinha, de algodão né? Ou então a de bata de alcinha com tema floral do tipo liberty rsrsrs... Enfim, a cara da coitada era de quem tinha amanhecido da balada completando as 24 h de inanição e o vomito a meio caminho da calçada. As amigas junto dela conversando e eu atrás (uoêêê) escutando tudo obviamente.

- Que foi hein que ela tá assim? - fulaninha pergunta

- Cólica - só com os lábios sem falar alto.
- [cara de compreensão]


Cólica é uma coisa que nós homens realmente jamais entenderemos. Assim como as mulheres nunca entenderão o que é um chute na netherlands do cara. Se bem que parando agora pra pensar, eu acho que é uma coisa meio equivalente entre os sexos, com a diferença que com a gente a dor dá e passa rápido. Então só posso fazer cara de 'meus pesames' quando tem uma menina se queixando de cólica perto de mim, e eu nunca acho que a coisa é tão ruim quanto realmente é. Mas voltando. Tá lá a menina passando mal debaixo do sol de meio dia esperando o onibus pra ir ao centro da cidade e, a julgar pela mala, pra esperar outro onibus na rodoviária. Ninguém disse que seria fácil.

E eis que estava eu em minhas divagações existencialistas pós-modernas, quando escuto um barulho assim... Estale aí seus dedos, pra eu ouvir...

[...]

Pronto, foi esse o som mesmo. Só que na hora foi o crânio da garota beijando o asfalto. Delicia? Os olhos revirantes dela foi o suficiente pra eu soltar meu engraçadinho "Ai jesus amado" e correr pra segurar a menina que era arrancada do asfalto com brutalidade pela amiga e tapas no rosto que tive vontade de rir que nem pato donald, não fosse o choque. E a menina tome a revirar o olho e endurecer os pés. Todo mundo se juntando pra ver o que era e ninguém ligava pra ambulancia. A outra jogou pra cima de mim a bolsa cor de 'quem um dia havia sido branca' e a menina nada de acordar com os tapas cheios de vontade que recebia na cara.
Enfim, infelizmente meu "mutirão" chegou e tive que fazer o #partiu. Foi nesse dia que eu descobri que porra, meu amigo, mulher sofre de verdade mesmo viu?

"É como se existisse um espaço a
qui dentro e de lá uma "coisa" empurra muito pra fora e pra todos os lados, pressionando. E do nada tem uma agulha que pica, de dentro pra fora."

"Parece que tem alguem pressionando e espremendo tudo por dentro. A pressao b
aixa, tanto que eu já desmaiei. É o único momento que eu consigo transformar minha cor de origem, ficar branca. Coisa que nem o pó consegue"

Quando perguntadas sobre como explicariam a dor da cólica elas são muito enfáticas em dizer que a sensação é como se tivesse algum engraçadinho torcendo tudo lá dentro, que nem se torce roupa molhada. Há um consenso sobre desespero, dor, raiva, vontade de chorar e experiencias de quase morte. Algumas aconselham: anticoncepcional. Outras são pessimistas: nenhum remédio faz mais efeito. Com o passar do tempo o corpo cria meio que uma resistencia ao remédio e aí só Jesus viu.

Agora você imagine, mulher ne? Mulher já é aquela coisa por natureza. Chega a epoca da menstruação já fica sensível, meu Deus do céu com cólica hein? Do jeito que elas são deve passar pela cabeça dela que ela é uma vaca inchada, uma garsa solitária, um anão de jardim? Porque tem isso né, a pessoa incha, vou logo dizendo. Ficam todas trabalhadas na retenção de líquido e só o sucesso. Sem falar no outro detalhe mega boniteeenho:

"Parece que é vontade de fazer côcô. Eu fico no vaso, tentando fazer, mas só piora."


Mas você veja que bonito né rapaz? A menina lá no aparelho (posso ensinar essa? vaso é aparelho na lingua da riqueza) coitada, pedindo a Deus pra ter uma diarréia. Tudo menos cólica. Tá valendo tudo pra vencer a dor. Chá, extrato de babosa, compressa, massagem, mas o melhor é o kama sutra da cólica, um vira e mexe pra achar a melhor posição que diminua a dor. É luta. As piores 24 h do mês.

"A melhor posição é a fetal"

"A melhor é acocorada"


"Em pé não dá, nem sentar e deitar. Aí eu fico andando toda encurvada. Quando você pensa que ela tá finalmente passando, ela volta. A dor vai pras pernas, fica se arrepiando, me dá vontade de chorar"

Olhe, eu prometo que eu vou acreditar mesmo quando vocês disserem que tá doendo. É porque é sério mesmo isso de mulher ser forte. A menina tá la se acabando de dor mas ainda consegue ser sociável, conversar com as pessoas e fazer o que tem que fazer. Ai a gente pensa que não tá doendo. Uma dor dessa se fosse num homem não prestava não, deixava acamado. Homem é mole mesmo, to adimitindo. Músculo tem demais. Mas ter fibra e estrutura é outra coisa.

Sou totalmente a favor da vertente que diz que há justiça no mundo. Não tinha como uma mulher bonita demais ser interessante na mesma proporção. As muito ricas e muito bonitas, pior ainda, uma em um milhão será igualmente irresistível. Uma coisa compensa a outra. Não tinha como o homem ter uma força tão maior que a mulher assim desproporcionalmente. Mulher em compensação tem o pscicológico muito melhor, aguenta muito mais surra da vida. Tipo cólica mensal. Tipo sangramento mensal. Tipo TPM mensal. Tipo esfoliação brutal do corpo (vulgo depilação). Tipo cantinho né galera, que é a coisa mais punk que tem e é um capítulo totalmente a parte da esfoliação brutal. Tá faltando mais? Deve estar, por favor me lembrem. Mas só esses aí em cima bastariam pra muito homem tá pedindo pra desistir e vocês sabem que eu estou certo. É como disse uma das meninas que eu entrevistei... Ela disse que depois da cólica, não há nada na vida que ela não consiga suportar.

Será que dói hein? rs

9/05/2010

Se sujar faz bem

Postado por Quanta Luz |

"Não Morda"

"De vez em quando lamber é melhor que chupar"


"Finja que você é uma criança. Babe"


Não é culpa minha se os homens falam o que vem na cabeça sem precisarem ser comedidos. E também é bem possível (embora pouco provável) que alguns de vocês nem tenham desconfiado qual o tema da entrevista que fiz com eles. Mas como já captaram as mentes fétidas, o fato é que finalmente me dei por vencido e estou aqui atendendo a um pedido que me tem sido feito há algum tempo. E, antes de continuar, peço que abra sua mente e entenda que aquele ditado do "nunca diga nunca" é um dos mais certos que existem.

Hoje bato o pó desse sofá para ejacular um post super incoveniente e engraçadinho sobre sexo oral. E a primeira coisa que eu quero hoje é que você diga em voz alta: SEXO ORAL. Tudo bem se for só susurrado, é um começo. Sexo oral. Sexo oral. Sexo oral. SEXO ORAL. Vamos lá, não é feio e nem é... aliás, depende. Tem quem ache sujo, mas tem quem diga que sexo só é bom se for sujo né isso? Então. Estou aqui para emancipar todas vocês que tem seus receios sobre cair de boca.

"O visual é importante. Eu gosto com o cabelo dela solto"


"Nunca pare e nem cuspa na frente"

Isso é verdade. Homem é muito ligado no visual, forte preferencia pelo conjunto da obra. Eles são do tipo que não gostam muito dessa história de transar no escuro, entende? Tem até uns narcisistas meio suspeitos que adoram transar na frente de um espelho mas que olham mais pra eles mesmos do que pra qualquer outra coisa. Mas esta é uma outra história. Pelo que deu pra entender a dica é não usar os dentes, se desligar dos tabus e preconceitos e realmente gostar de fazer. Sim, porque se você não gosta é muito mais difícil conseguir fazer certo.

E também tem a história do engole ou cospe né. Há controvérsias, qualquer que seja a resposta. Presumivelmente vocês entendem o que se quer dizer com engole ou cospe... Mas como este é um blog consciente e nós sabemos que existe uma coisa chamada DST, devo dizer que é altamente recomendável que você NÃO engula e use camisinha durante o ato (o que logicamente vai te impedir de engolir. A menos que... sei lá ne?). Eu sei que algumas vão dizer "ahh mas com camisinha é que nem chupar uma bala com papel". Eu sei minha caríssima leitora, mas você que deve assumir seus próprios riscos.

De qualquer forma, fui perguntar agora pra elas como é que era essa experiencia de fazer sexo oral pela primeira vez. Let's see.

"A primeira vez que eu fiz isso foi porque meu namorado pediu. Eu não fiz nada, só coloquei a boca e tirei rápido. Eu tava assustada e com nojo e não tava com um gosto bom"

"Eu não tinha experiencia nenhuma. Não me sentia confortável fazendo e fazia só pra não decepcioná-lo completamente, já que eu não conseguia passar disso."

Nunca vai ser bom realmente no início, não se preocupe. Eu sei que você vai se perguntar por que insistir numa coisa que não é boa. Sim, seria lógico que se você fez uma coisa e não gostou não deveria fazer mais. Sim seria. Mas preciso acrescentar que algumas das melhores coisas do mundo não são imediatas... Leva-se um tempo pra compreender e conseguir apreciar. E uma vez que isso aconteça não se quer mais parar. Pode ser uma comida, uma bebida, um esporte. Fato é que alguns determinados tipos de sensações precisam de um tempo para você compreender que gosta.

O primeiro sinal que você está gostando da novidade é quando você consegue usar a lingua satisfatóriamente. Antes você nem conseguia encostar. Aos poucos você vai sentindo, pegando o jeito e quando vê já está aí toda saidinha criando movimentos novos com a lingua. E eles dão mais dicas. Quando você ficar cara a cara com o carinha lá de baixo você vai perceber que existe uma região na parte de baixo da extremidade onde existe uma espécie de... o que meu Deus? Deixa eu ver uma palavra... É como se fosse um freio, uma liguinha tensionada, sabe? Você vai reconhecer quando encontrar. Não se acanhe e mexa com esse local o quanto quiser: é extremamente sensível. Mas não faça demais. Outra dica importante em relação aos homens é não fazer demais uma única coisa porque acaba hipersensibilzando e o prazer fica insuportável. Isso também quer dizer 'pare de mexer quando ele tiver chegado lá'.

"Com meu último namorado é que eu amava mesmo fazer. Muito mesmo. Porque eu não tinha nóia, estava muito
bem resolvida e ele adorava. Eu me sentia a vontade de fazer e experimentar coisas porque antes eu ficava noiada pensando que o cara não ia gostar e tal."

Já vieram me perguntar se sexo oral é uma coisa que é boa para ambas as partes. Obviamente que quem recebe é o grande felizardo da noite. Mas fazer também tem seus prazeres. É que objetos cilindricos e exercícios de sucção é uma coisa que causa um certo nível de satisfação desde que se é criança (embora muito mais quando se é criança). Então será legal fazer, se você estiver acostumada com o seu... objeto. Mas tenho para mim que o melhor em se fazer sexo oral é sentir/ver/saber que o cara lá está galgando um pedaço de terra no paraíso enquanto você faz. Algumas pessoas, inclusive, entram em um extase profundo somente quando sentem que o outro está também entrando em um estado que vai do alpha ao omega em um centésimo de segundo.

"Odeio essa visão de alguns caras de que mulher que faz isso está sendo submissa. Eu realmente acho que é o contrario."


"[sobre sexo oral ser coisa de puta] Eu acho que tem homem que pensa assim, mas não nos que eu escolho pra fazer. =P E se o homem pensa assim, acho que ele tem que ser ignorado e acaba não sendo uma opinião que importa porque fica sendo a opinião de um idiota"

Acho que esse é o maior obstáculo antes de fazer: achar que está dando uma de puta na cama. A despeito do ditado que diz que o homem quer que sua mulher seja uma dama para a sociedade e uma puta na sua cama, uma coisa não tem necessariamente relação com a outra. Uma prostituta, por exemplo, faz sexo oral simplesmente porque homem adora sexo oral. Mas elas também fazem todas as outras coisas que você faz na cama com um cara. Eu acho que isso foi um tabu que foi criado sei lá quando e que acabou crescendo na mente das pessoas como uma coisa de gente que não é direita. Mas isso de ser direita não existe. Cada um tem sua própria orientação e seu próprio jeito de encarar e fazer as coisas gente. Deixem de paranóia. Não precisa ter medo porque é muito impróvavel que uma vez que você faça sexo oral num cara ele mande você parar. E se mandar achando que você não deve porque não é de mulher direita, saia dessa logo. Quando se faz sexo com uma pessoa só durante muito tempo, você inevitavelmente vai ter que procurar formas novas de brincar... É uma coisa que inexoravelmente (adoro pronunciar isso. inexoravelmente) você irá fazer.

"Todos os casais deveriam tornar naturais essas coisas que são tabus no sexo. É a parte linda da coisa, a parte bonita da intimidade: não ligar pra nada, esquecer que o resto do mundo existe e fazer o que quiser só pra ter a melhor sensação do mundo. E eu nem to falando tanto de orgasmo. É aquela coisa do fim, suados, um calor confortável diferente... e você sabe o que a outra pessoa tá sentindo e pensando."

Preciso dizer mais alguma coisa?
Libertem-se. Já disse, se sujar faz bem.
: )~

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