6/02/2011

Ou usa pelo avesso

Postado por Quanta Luz |

A gente usa cueca do dia que para de usar fraldas até o dia que volta a usá-las. Isto é tudo que há para ser dito sobre cuecas. Mas é claro que, você leitor e leitora deste blog, já deve imaginar: não com as calcinhas! Correto. Nada aqui vai ser simples. Acostume-se. Nenhum post vai ser curto pelo fato de que é humanamente impossível resumir uma mulher. Nem muito menos calcinhas. Que dirá as sujas! hahaha O meu tema de hoje é calcinha suja e ache ruim o quanto for, mas este post, você vai ver, é um serviço de utilidade pública!

"Tudo começa quando vc menstrua pela primeira vez...

Calma. Stop no gravador. Você veja só né. Eu acho que toda história, explicação ou comentário que uma mulher faz, tem uma estrutura literária chamada prólogo. Sabe prólogo? Aquela parte do livro, antes de começar o primeiro capítulo, que faz parte da história mas não é o início dela? Pronto. Se eu perguntasse a um homem sobre cueca suja, ele iria responder a seguinte pergunta: O que você faz quando suas cuecas estão sujas? Mas não. Você pergunta a uma mulher o que ela faz quando a calcinha tá suja e ela lhe devolve com a razão pela qual ela faz o que faz com as calcinhas, valendo-se de todo um histórico de lembranças e fatos que vão convergir, aí sim, para a resposta daquilo que você perguntou. Ou seja, não lembro mais o que eu perguntei viu.

...sua mãe vai logo mandando vc ir lavando suas calcinhas porque a partir desse momento ninguém vai querer mais lavar por vc. Lava a calcinha no quintal, logo depois do banho, e bota no varal pra secar"

"Isso só dura exatas duas semanas. Você gasta muito tempo e sua qualidade de vida aumenta depois que você descobre que o sabão pode ficar dentro do banheiro e o suporte para toalhas é um ótimo varal. Todas comemoram"

Pois é. Existem coisas assim na sua vida que você não questiona a razão pela qual acontecem. A minha prateleira de xampu, por exemplo, sempre tem dezenas (gente, são dezenas. é irracional) de tubos de tudo o que é coisa. Eu apenas aceito e vou usando o que eu tô afim de usar no dia. Hoje mesmo eu usei um mix de 'proteção térmica' com 'liss intense extreme desembaraçante'. Arrasei. Eu divido o banheiro com minha irmã e espero que ela não esteja lendo isso ou vai descobrir porque o xampu dela acaba rápido. Enfim. Nunca me pergunto porque tem tanto produto ali em cima. Da mesma forma com as calcinhas. Aqui em casa nunca teve isso, mas tipo... casa de praia que é aquela bagunça. Calcinha na torneira do chuveiro. Nunca soube, até hoje, porque ela fica ali. Eu JURO que eu sempre achei que era porque as meninas esqueciam, por descuido e só. Apesar que por que raios ela tomaria banho de calcinha né? Bom, em síntese: mulheres lavam as próprias calcinhas dentro do box do banheiro e estendem onde dá pra estender. Se você é homem e divide o banheiro com uma mulher, acho bom começar a considerar se você tá usando o sabonete certo viu?

"Nem sempre dá pra lavar as calcinhas durante o dia, geralmente todas as mulheres andam atrasadas pra qualquer tipo de compromisso, ainda ter que reservar 2 minutos pra lavar calcinha entre eles... Pelo amor de Deus, eu uso esses dois minutos pra me maquiar!"

"Eu tenho um saco de calcinha suja na gaveta onde eu vou jogando. Você lava as calcinhas do saco de-calcinhas sujas de duas a três vezes por semana pra não acumular."

Agora você imagine essa sacola. Hmmmmm Mas o que é que tem de tão alienígina nessas calcinhas que ninguém pode lavar hein minha gente? É uma intimidade tão grande. Deve ser esse lance da menstruação. É, deve ser. Ultimamente eu tenho parado pra perceber que algumas mulheres desenvolvem uma espécie de mania em relação a isso. Porque tem aquele lance né de tá menstruada e aí quando você levanta pede pra amiga ver se a calça não tá suja e tal, se vazou. Algumas mulheres, e eu realmente já vi algumas fazendo isso, sempre que levantam (sempre) elas dão uma alisada assim exatamente ali no meio sabe? É uma nóia realmente e eu imagino como deve ser desconfortável. Isso fica acontecendo ao meu redor e não para e ninguém sabe e eu não posso comentar e... as vezes eu queria fazer um documentário sobre verificação menstruativa. Né. Não. Parei.

"Chega aquela hora, a hora que vc olha pra gaveta das calcinhas e não existe nenhuma calcinha limpa, só falto chorar. Nessas horas temos duas opções: 1) Usar o biquíni e 2) Usar uma daquelas calcinhas grandes, horrorosas, nude, que vc nunca usa porque se lembra da sua vó."

Ah, a do biquíni é ótima! Eu acho divertido. Todo mundo devia fazer isso. E homem também usa sunga. Pronto. É isso que existe para ser dito a mais sobre cuecas. Mas é muito raro isso acontecer. Até porque sunga é uma coisa que você tem uma, duas muito no máximo. Biquíni não. Cada mulher deve ter pelo menos uma dúzia. Mas ok. Ninguém vai saber. Eu pelo menos nunca vi um lacinho estampado dando bobeira pra fora da calça não.

Certo. Então vamos ao saldo positivo. Hoje eu aprendi que:

a) calcinha molhada na torneira do chuveiro não significa que a menina tem complexo de big brother pra tomar banho vestida e esquecer de levar a roupa molhada.

b) a calcinha está lá para secar (putz! é claro que ela não esqueceu! =/)

c) as mulheres lavam suas calcinhas durante o banho porque ninguém ia aguentar fazer isso por elas, e é muito mais cômodo do que ir no tanque. o que quer dizer que, em um dado momento, haverão calcinhas penduradas por todo lugar e eu tenho que deixar isso acontecer pois não me diz respeito. HAMRAM.

d) se eu encontrar mais de um sabonete dentro do box do banheiro que uma mulher usa, na dúvida, não irei usar nenhum deles.

e) e por último mas não menos importante: se caso algum dia uma menina pedir pra eu procurar alguma coisa no guarda roupa dela, nunca, em hipótese alguma, eu devo abrir sacolas dentro de gavetas.



"Toda essa saga com as calcinhas me faz repensar num acordo que eu posso vir a fazer com um futuro marido. Pode jogar as toalhas molhadas em cima da cama, se não reclamar das minhas calcinhas no banheiro. Hahaha Afinal de contas, casamento é isso, é abrir mão de algumas coisas. É ou não é?"


Põrrán. E você achando que eram só calcinhas. Se isso é só calcinha, imagina o que vem por aí né.
hahahaha

5/31/2011

nota do autor

Postado por Quanta Luz |


Eu sei. Eu sei.


A última vez que eu parei pra sentar nesse sofá vermelho eu tava de conversa com a colombina, de passagem pelo carnaval. Muito tempo. Já estamos no meio do ano praticamente, como voa viu! E agora vendo os comentários de vocês perguntando pelos textos, as críticas super boas de se ouvir, e essa necessidade implícita dos posts aqui do elaseeunomeio, me sinto culpado. Pausa pro minuto de sabedoria de hoje: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". O pequeno príncipe, que livro mais pertinente! Essa sempre foi minha frase preferida, exatamente porque eu sou a personificação do irresponsável com todo mundo que eu me aproximo. Eu não vou mentir, tem que dizer a verdade mesmo. Eu sou a típica pessoa do brinquedo novo. Quando fica velho, não dá mais a mesma atenção. Todavia há controvérsias e tudo não é tão simples assim.

Me pego pensando... E agora hein? Vocês sabem que eu amo escrever, que amo observar o mundo, as pessoas, e que as mulheres sempre foram minha parte preferida disso tudo. Mas eu não sei exatamente se eu vou conseguir me dedicar a esse blog daqui pra frente. Eu não consigo permanecer tanto tempo num mesmo projeto. Chega uma hora em que eu tenho que mudar e não importa se eu cheguei a um fim ou não. Mas escutem. Vou tentar, prometo! E faço isso por causa de vocês que leem o que eu escrevo e sentem falta do que eu digo.

Eu tava pensando sobre isso nesse final de semana, inclusive. Domingo eu fui almoçar fora de casa, assim com toda a metade do país, num desses restaurantes que os clãs da elite gostam de se encontrar, sabe? Vomita no pé deles. rsrs Brincadeira. Enfim. O que importa é que nesse dia eu voltei a entender o que me fascina tanto nas mulheres. Cada uma delas que entrava, do alto dos seus sapatos, os cabelos narrando histórias, os meios olhares num misto de convite e recato, as curvas dançando com os passos e, palpável no ar, hipnotizando toda uma platéia na pausa de uma garfada... Olhe, sinceramente viu. Deus deve ter colocado uma parada muito diferente nessa receita. Não se compara em nada com o que são os homens. Não há nenhuma correspondência nesse planeta. E não só são as bonitas não. Toda mulher tem esse encanto. Seja no conjunto da obra ou simplesmente... sei lá, quando reclinam cabeça pro lado e te olham assim, meio escondidas entre os cabelos, num sorriso de quem já sabe que vai conseguir o que quer.

Enfim. To voltando a postar por causa do bombardeamento estimulante que eu recebi pelo facebook ontem, de gente comentando super bem sobre o post das mulheres do zodíaco que a amiga Marília públicou no formato de um album e que foi compartilhado por todos os cantos aí no oceano da web. Mas eu não sou um expert em astrologia! Tenho que avisar. Eu li um livro sobre o assunto e me baseei nele pra escrever. Nele tem uns exemplos muito bons e algumas observações que eu tentei traduzir aqui pro universo e linguagem do blog, encorpado com as minhas impressões pessoais. Coloquei a referencia do livro lá no post pra quem quiser.

Não quis receber o mérito por outra pessoa gente. Me promover como se aqueles textos que eu escrevi tivessem brotado da minha alma. Impossível. Ninguém nasce sabendo de nada. Eu li sobre o assunto. E na realidade foi cansativo porque eu tive um ou dois dias pra ler tudo e depois escrever sobre eles. Peço perdão à quem interpretou como se eu estivesse querendo me promover. Desculpa mesmo. Eu prezo por escrever textos autorais. O blog tá aí de prova, que eu não preciso nem quero copiar ninguém. Que minha fonte de pesquisa são as mulheres e tudo que se relaciona a elas. E que eu zelo pela originalidade nos meus textos (sou aquariano! rs). E tenho pra mim que é até por isso que eu parei de escrever por aqui... Por sentir que estava me repetindo. É. É isso. Foi isso. O jeito é mudar o estilo de escrever radicalmente.

O que será desse blog, não sei. Sinto que preciso mudar, partir pra outros caminhos. E agora? Acho que invertemos os papéis hoje. Vocês me ajudam? Deem suas sugestões. Digam o que vocês acham. Expresse-se e eu vou ler tudo com carinho e atenção que dispenso a um brinquedo novo.


Obrigado pelos elogios e pelas mensagens positivas. Não tenho a pretensão de parecer incrível, o máximo. Só quero escrever e só.
Um abraço pra vocês.

2/24/2011

Patologia da rejeição

Postado por Quanta Luz |

"A unica verdade é o amor para além da razão"


A linha que separa paixão e obsessão, sabemos, sempre foi muito frágil. Vira e mexe, a gente se depara (ou se torna) uma dessas pessoas insones, transtornadas, absolutamente nervosas por dois olhos e um jeito de sorrir. No inicio é uma ideia estimulante, se torna pensamento involuntariamente recorrente, até a hora em que você, sem querer, emite para si mesmo um sorriso sonoro e bestificado que sentencia o que está correndo a todo vapor no seu sangue. E quando começamos a nos questionar o que é a causa do descontrole (lá vem o bordão) já é tarde demais. Mas quem vai dizer que há mal nisso? Apaixonar-se é dar um banho de sol na alma. É a luz dos olhos, do coração, dos dentes.O que acontece, entretanto, é que em boa parte dos casos a paixão é apenas o começo da narrativa, aquela (e única) em que se é feliz.

Eu costumo pensar que opostos não são realmente duas coisas absolutamente distintas. São extremos. Da mesma forma como o nosso reflexo está numa extremidade oposta à nossa mas que é, ainda assim, basicamente a mesma coisa. Tal qual amor e ódio cuja distinção é só uma questão de palavras bonitas, não é assim uma tarefa tão simples distinguir se você está apaixonada ou obcecada (os meus opostos de hoje). Como eu disse, paixão pode ser só a parte de um todo ou a extremidade de uma mesma linha de raciocínio. Se você aumenta demais, põe muita intensidade no sentimento, é aqui que devo oferecer as minhas condolências porque se curar de uma obsessão é dificil viu gatona.

"As vezes estou no computador, e entro em pânico. Fico muito agitada. Eu acho que se alguém morresse cada vez que aperto F5, não sobraria ninguem com vida, porra."

Oh céus. A droga do F5, a eterna espera pela janelinha do msn piscar, de subir o próximo tweet. Nesse mundo virtual não há mais espaço para suspiros na janela do quarto. Hoje o apaixonado assume para si, mais do que amante, a função de investigador. Ninguém mais espera por um encontro ou um telefonema pra conhecer melhor alguém. Uma vez que você está inserido na rede, está suscetível a ter sua vida desbravada por qualquer um. Em tempos de "o que você está fazendo?" e "o que você está pensando?", não há como se passar por desconhecido. De repente você está conversando com alguém e ela responde um mero "eu sei" quando você diz que seu maior medo é de baratas escandinavas, coisa que você nunca disse a alguém mas que, é verdade, provavelmente usou na descrição de perfil do facebook.

E aí você tá lá apaixonada, perdidamente, e aquela angústia só alivia a medida que você começa a descobrir o que a pessoa faz e pensa e aí quanto mais detalhada é a informação é como se você soubesse onde está pisando, como se você estivesse no controle da situação, como se nenhuma verdade estivesse sendo escondida de você e é ótimo sentir-se assim. As redes virtuais te oferecem um grau de controle, um nível de informações preciosas que são absolutamente viciantes. Sem que você perceba, a doença cresce nos confins do seu corpo como uma praga que se alastra devastando tudo que encontra pela frente, exceto o computador (seu divã e central de investigação).

"Sei de tudo. Tudo. Sei onde ele trabalha, os restaurantes que frequenta. Se ele tivesse ideia de quanto estou bem informada... Seu pai teve um derrame em 2002. Sua mãe tem um quiosque de flores. Se ele soubesse, ele provavelmente entraria no programa de proteção à testemunha."

No nosso tempo a paixão ganhou combustível para alimentar o seu lado mais sombrio e devastador que conhecemos pelo nome de obsessão. Você tem tudo nas mãos. Fotos, hora, data, local, depoimentos, pistas, um dossiê... e pra que? Por que quando se está obcecado por uma pessoa buscamos saber tudo que há para se saber sobre ela? É como se dessa forma o sentimento de rejeição pudesse ser anulado pelo fato de que temos controle sobre a pessoa que nos rejeitou. E é certo que onde existe controle existe segurança.

O que acontece é que o obcecado verídico é um estado patológico do rejeitado. E há todo tipo de rejeitado, desde aquele que mantém pouco ou nenhum vínculo com o sujeito de sua devoção até aquele que é rejeitado dentro de um relacionamento, seja isto real ou fruto de suspeitas e desconfianças. Este último, tenho pra mim, certamente que é o pior dos estado porque o obcecado nunca saberá se tudo não passa de mera fantasia, ou não. Há tortura mais sufocante do que viver assim? Viver num mundo em que amor e histeria se misturam num processo gradativo de perda da capacidade de discernir entre certo e errado, seguro e perigoso. Sim, porque neste estado patológico a razão está e sempre estará com a pessoa pela qual se nutre uma obsessão. "Alguém que você coloca num pedestal está sempre certa".

"Agora ele está estragando todos meus lugares favoritos. Porque quando ele não está la, bebendo com os amigos, fico entendiada. Não tem graça."

E não tem graça porque ele é a única coisa que te faz bem realmente. Quando você está triste, é por causa dele. Quando está feliz, fica triste do mesmo jeito porque ele não está lá para dividir o momento. Você se embriaga, fica transtornado e o primeiro pensamento que te vem na cabeça é ligar praquela pessoa. É imediato. Uma hora você realiza para o fato de que nada que seja feito, nenhum lugar que se vá, ninguém que se conheça será capaz de reverter a situação em que você se encontra pela simples razão de que não se trata em absoluto de um gesto, lugar ou pessoa. A obsessão está enumerada na lista de doenças que se adquirem dentro e não fora de si mesmo. É você que é a causa e o efeito.

Não se trata de uma escolha, se tornar essa débil lembrança de si próprio. Talvez você jamais tivesse entrado nessa história se soubesse onde ela ia terminar. Ser um corpo no piloto automático, sem animo para nada que não tenha a ver com uma pessoa em específico. A obsessão se fundamenta na idéia de buscar a todo custo, de conseguir para si o objeto de seu desejo, atribuindo a este êxito a razão da própria felicidade. O que normalmente se ignora é que a frustração é justamente a unica fonte de alimento da obsessão. Quando mais você busca sem conseguir, mais escuro fica. E de qualquer maneira, se conseguisse, não ia saber direito o que fazer com o que tem. É bem possível que encontrasse novas maneiras de se tornar um grande caos dentro de um relacionamento conturbado. Como eu já disse, esse veneno que circula nessas pessoas nasce de um quadro típico do apaixonado e cresce como estado patológico da rejeição, muito embora não seja verdade que todo apaixonado/rejeitado seja um obcecado. Isso nos leva a visão clara de que é tudo uma questão de saber lidar com ser rejeitado ou entender que estar apaixonado por alguém não é, em absoluto, o assunto principal da sua vida.

"Você não telefona pra ele, não escreve ou fala. Acabou. Se você sabe que ele está numa festa ou bar, você não vai. Levei cerca de um ano. Toda vez que via, ficava imaginando. Tive cãibras de ciumes da sua nova namorada."

Uma hora você cansa, entra em colapso, não aguenta mais viver nesse descontrole emocional que escraviza a sua força de vontade. Você já se submeteu a tudo que tinha pra se submeter, já fez coisas que nunca imaginou um dia fazer, sofreu o pão que o diabo amassou atirando ao fogo e, acima de tudo, perdeu dias valiosos de sua vida na justificativa inadmitida de que você só queria era estar com aquela pessoa. Nesse estado em que o coração apaixonado reconhece a dor inesquecível que causou a si mesmo e a alma já não consegue emitir luz alguma, é ali que você para e admite muito obscuramente que não vai mais viver assim. E o primeiro passo, imediato e invariável, é evitar de todas as maneiras possíveis o botão de ignição de todo o processo doloroso que você viveu. Você pega aquela pessoa e a exclui de todos os âmbitos da sua vida porque sabe que essa é a única forma de sobreviver. Sem notícias, sem imagens, sem recados, sem nada que possa reanimar o desejo, trazer a tona todas as lembranças do que você viveu e que você sabe ainda exercem poder. É a velha história do coração não sentir aquilo que os olhos não vem.

Cada um tem o seu tempo. Uns superam uma paixão tão rápido quanto se apaixonam, outros demoradamente. Mas a superação acaba sendo sempre o lugar comum de todos. Não é fácil e sempre vai existir recaídas, o que é diretamente proporcional a intensidade do que se viveu. E acho que esse deve ser um dos maiores obstáculos. Quantos adolescentes existem para cada pessoa madura que sofre, explosivamente, por uma paixão? 1000 para 1, no mínimo, bem por baixo. Quando a gente vive mais, vive novas e várias experiencias, a gente se dá conta de que o fim de um relacionamento ou a rejeição não é o fim do mundo que a mente de um adolescente acredita ser. Na realidade existem muitas outras coisas mais valiosas e que merecem maior zelo e atenção, do que um relacionamento. Com o tempo adquirimos responsabilidades, perdas, vitórias, necessidades e cicatrizes suficientes para finalmente entender que a felicidade não é dependente de ninguém ou que, quando se ama, é fundamental que isto não obscureça todos os outros aspectos da sua vida.

"As folhas de outono cairam, a neve chegou, natal. Primavera, verao e... eu superei. Quando penso no que fiz, o dinheiro que gastei para faze-la me amar. Penso em tudo isso. Estou tão envergonhado."

Quando você olha pra trás e lembra do que você viveu com alguém isso costuma ser um exercício de desprendimento. Você lembra do que foi bom, mas deixa estar. Faz mal querer que as coisas persistam quando elas nem fazem mais sentido atualmente. Quando a gente se recusa a reconhecer uma verdade, passamos a viver num emaranhado de fantasias que entorpece a nossa existência como seres humanos. A obsessão é a falência da intenção original que rege os nossos sentimentos valendo-se das noções primitivas de posse e ciúme. E falo assim porque é até meio urgente que se compreenda, mesmo você que mal chegou aos quinze, como relacionamentos são uma consequencia das nossas vidas e não a causa dela.
Relacionar-se é intrínseco ao ser humano, só que o mais importante é a forma como revertemos para o nosso próprio crescimento aquilo que experimentamos através disso. Toda experiência possui a intenção sobrenatural de ser positiva na construção de cada um de nós. Liberte-se da mesquinhez dos sentimentos baixos e seja superior à contrariedade que a vida te submete. Ninguém é assim tão importante para impedir o livre desenvolvimento da vida. Se você sentir que está passando mais tempo pensando em alguem, gastando mais energia por outra pessoa do que por si mesmo, sacrificando-se sempre em detrimento do bem estar de outra pessoa que você afirma ser, por consequencia, seu próprio bem estar então, acredite, você entendeu tudo errado. Sempre dá tempo de ser alguém melhor. Não adianta esperar por esse grande evento avassalador pelo qual você está à espera secretamente durante todo esse tempo. Todo recomeço é também uma recriação de si próprio. Ninguém, senão você mesmo, será capaz de fazer isto por você. Recriar-se é, por definição, um exercício individual e intransferível.

Em 3, 2, 1...

(os depoimentos ao longo do texto foram retirados do filme 'les amours imaginaires' de xavier dolan)

12/20/2010

não faz mal, limpa com jornal

Postado por Quanta Luz |


Fim de ano é sempre esta nostalgia declarada. Reunião de família, saudades, lembranças e aquela desgostosa sensação de 'como eu era feliz aqui'. Inegavelmente, e isso sabemos todos, felicidade é o único bem que a gente só percebe que possui quando não possui mais. Estranho né? Todo ser humano é assim: incomum, incongruente, instável, inacreditável, inpossível. E antes que você, caríssimo leitor atento, se afobe em me corrigir, eu sei que antes de p e b só se usa m e que a grafia correta é 'impossível'. Aquela regrinha tão antiga quanto nossos dentes. Mas é tempo de natal, ano novo, ninguém tem obrigação alguma de ser obrigado a qualquer coisa. É tempo de festa, paz e la la la la...

De maneira geral, este seria o parágrafo posterior a duas ou três citações femininas e aí eu iria comentar sobre o assunto para abrir, logo abaixo, uma nova vertente do tema. Mas hoje a gente não tem especificamente um tema. Somos só nós, eu e vocês no sofá, conversando sobre sabe-se lá o que com uma garrafa de champagne, um dilema e várias passas escanteadas no prato. Como diz um grande amigo meu: "arroz com passas é o grande mistério do mau gosto coletivo" E não é mesmo? Dentre a família e agregados reunidos na ceia de natal, quem gosta realmente de passas? Um, dois, tres. O restante apenas aprendeu a não reclamar. Ou a fazer a francesa no prato e dar aquela velha e delicada misturada com o que sobrou, como se você houvesse sido acometido pelo azar de não pegar nenhuma delas, awnn. O que nos leva ao fato incontestável: as passas são apenas elementos estéticos. Puro capital cultural do arroz.

E a gente é sempre assim, muito de aparências, que nem arroz de natal. Eu que o diga nesta minha relação de amor eterno com o vidro fumê do carro alheio. E você também. E todo mundo com esta mania engraçada de comprar roupa nova pro Natal e Reveillon. Deve ter a ver com toda essa justificação poética do consumo para renovação, novos tempos, calcinha amarela e inshalá! Eu sou essa pessoa que é só corações pelo centro da cidade e suas peculiaridades. Esta época é um grande inferno de pessoas comprando comprando comprando. Eu mesmo já fiz isso dias atrás e já estou com as roupas prontinhas e cheirosinhas para serem usadas nas datas respectivas. A gente merece né? Todo mundo merece.

Até porque, como andam dizendo por aí, 2010 foi um ano de cão. Não foi kabalístico nem auspicioso. Tem anos que são estas três centenas de inferno astral, não adianta. As vezes já começa errado. Dizem também que os anos ímpares são os melhores. Tudo crendice popular, claro, mas não por isto errada né? A gente nunca sabe essas coisas. Já é um pensamento positivo pro próximo ano que, se Deus quiser, será um eike absurdo.

Mas uma coisa é certa: 2010 passou voando. Vocês viram? Que desgraça pra correr, nem deu tempo de fazer o que a gente queria. Apesar que quando dá né? A grande cagada do deixa pra amanhã. Pior é que é nesta hora, ali antes de dar meia noite e quando você já tá desejando aquela maravilha da culinária que é o peru de natal, é nesta hora que começa a tocar a eterna, a inigualável, aquela que só faz sucesso no 25 de Dezembro: Simone. Quem mais? Simone com o seu choroso "e o que você fez?". A maior nostalgia.

Não vou nem quero ser a pessoa que te faz parar pra pensar no que você fez ou não ok? Simone já faz isso por todos nós, essa demonia. O que nos resta nesses momentos de reflexão é abstrair e pensar no que vai dizer no discurso de amigo secreto. É melhor né? É. Amigo secreto é uma lindeza. O meu mesmo é a coisa mais engraçada. Todo mundo tem na família aquelas tias que dão sabonete né gente? Ai jesus. Aquele sabonete afogado em papel seda (cujos fins serão outros) e dentro da caixa de presente do ano passado. A melhor parte é a dinherama escondida do avô patriarca, e seu senso de humor natalino. Família... Família é a coisa linda de Deus. Alguns tem familia de amigos, outros só de pai e mãe, e tem gente que é a própria família. Natal, não importa quando ou como, sempre te remete a esta sensação de casa aconchegante e boa comida. Mas como é uma sorte ter isso sempre, não faltam aquelas festas do pós ceia para todos que não se dão por vencidos por um peru assado e uma muda de presentes. E ai você bebe, se diverte e deixa esquecido lá no canto, bem escondido no ventrículo direito do coração, aquele sentimento de 'o que eu estou fazendo da minha vida'.

Todo ano é isso. É basicamente estudar, trabalhar e amar alguém, muito. Há uma parte das pessoas que se contenta com isto e está ok assim. Outras desejam que o próximo ano seja melhor, embora não saibam exatamente em que sentido. E tem quem chegue no final do ano e experimente aquela sensação indigesta de ter dormido a tarde inteira, como se tivesse perdido a parte do ano em que as coisas aconteceram. Conversando com um outro grande amigo meu (sou aquariano, tenho muitos rs) começamos a discutir sobre o ser humano nunca estar satisfeito com nada. Sempre tem alguma coisa errada, ruim, mal resolvida, mesmo quando consegue o que quer. Acho que insatisfação é uma filosofia, mais do que um sentimento. Se você está insatisfeito, está propenso a ser insatisfeito. As coisas só vão mudar de lugar ou aspecto. Mesmo porque existe uma grande diferença entre não estar triste e ser feliz.

Mas acho que no fim o que importa não é exatamente o que você está fazendo da sua vida. Deixa que a Simone questione isso sem parar. Acho que a pergunta de fim de ano é bem menos egocentrica do que isso. O importante mesmo, mais do que tudo, é o que você está fazendo de bom. Aquele discurso do bem que você pratica. Não porque ele vai retornar em dobro pra você (o que é absolutamente questionável), mas porque é isso que faz o seu ano valer a pena. Vocês não acham? Quando fazemos algo de bom para os outros, e automaticamente fazemos para nós mesmos, ali estamos fazendo uma diferença que acrescenta utilidade aos nossos dias. Pode ser um bem pequeno, um bem maior, mas um bem. A gente não tem que pensar nas nossas frustrações amorosas, nas incapacidades ou tristezas, por mais trágicas, até porque isso já é uma constante. Acho que no fim do ano o balanço deve ser dos atos praticados para alguém ou por alguma coisa que irá beneficiá-las, porque é isso que conta.

Há um ditado ou algo do gênero que diz que para você ser feliz basta assumir que você já possui tudo que precisa. Embora extremista, é tentador pensar nisso pelo fato de que nos oferece um belo ponto de vista: o de que a felicidade é tão simples, que é insondável. Pra mim é tipo aquelas caixinhas de maquiagem que eu nunca sei abrir, faço força, mas só basta um clique no lugar certo, sabe? A gente tá tão acostumado que seja tudo tão dificil na vida que nem se dá conta que em boa parte das vezes é preciso muito pouco para ser feliz. Mas digam o que quiserem e acreditem no que quiserem. Felicidade é, acima de tudo, o exercício máximo do bem na certeza de que sua prática ao mesmo tempo que ilumina o mundo, alimenta a chama eterna da alma em um ciclo que não tem fim.

Um abraço grande do Edu para todos e todas que fazem este blog comigo, que expressam sua opinião, suas vontades e sensações. Fazemos parte de uma mesma história. Ano que vem tem mais e hot hot news vindo por aí. E que 2011 seja um ano sem passas para todos.

A gente se vê lá.

12/10/2010

Quando a mangueira não apaga o fogo

Postado por Quanta Luz |

Há um mistério feminino ainda sem solução por aqui. Desses cujo conhecimento exato pertence às mulheres e apenas a elas. Uma zona onde homem não pisa (apenas eu, claro). Um enigma que sempre julguei tão improvável de se decifrar que simplesmente ignorei, deixei passar durante todo esse tempo. Creio que ele existe em razão do fato de que é particularmente difícil de compreender uma coisa que, para tanto, precisa ser experimentada. E a menos que eu tenha nascido mulher e não sei, jamais poderei experimentar desta poção mágica borbulhante que explodiu enfurecida das entranhas da deusa Vênus e veio arrancar gritos e gemidos de suas sacerdotisas sob o nome de orgasmum multiplorius. (inventay)

Sempre achei que orgasmos múltiplos eram orgasmos simultaneos desencadeados por estímulos distintos. Mas claro, é uma burrice pensar isso porque no fim seria apenas um maxi orgasmo. Então. Só se pode concluir que orgasmos múltiplos são vários orgasmos acontecendo um após o outro e após o outro e o outro e vai e vem e puxa e arranca e joga e cai e grita e o caralho e a puta que pariu não para não e vai e volta e pede pra morrer que não aguenta mais e ããnnhhhaaa iuhalhljjkdan hekjhejk
rjk n,eaeanhejkhe ejkhgn (...)

"Ter múltiplos orgasmos é como ir no céu olhar as nuvens várias vezes em pouco tempo"

"Quando eu tenho orgasmo múltiplo me tremo toda, sinto espamos percorrendo meu corpo"

É um vulcão, gente. Não adianta mulher é um vulcão. Adormecido ou não, mas é. Só posso ter inveja porque homem tá mais pra fogos de artifício: sobe, sobe, sobe e quando chega lá em cima explode e fim. É basicamente uma tristeza. Mas também não foi em toda mulher na qual respingou magma de Venus nao viu. Nem vem. Se tem tanta mulher que nunca sentiu orgasmo realmente na vida, mesmo depois do sexo, imagine múltiplos. É que para chegar lá, bem, o homem não basta (o que, infelizmente, não é novidade).

"Achei incrível quando descobri que nem toda menina tem orgasmo múltiplo. Tem meninas que tem orgasmos como homens, chegam ao ápice e pronto, foi... acabou! Deve ser muito chato."

"Teve uma sexóloga que disse que tipo, você nasce com orgasmos múltipos. Não é uma questão de querer ter ou não."


Bom, vamos aos termos corretos. A mulher passa por quatro fases no processo de orgasmo... porque, você sabe, não poderia ser simples. A primeira fase é resultado dos primeiros estímulos. Bom, veja você, lá, sozinha com um menino entre quatro paredes e uma cama. Ele começa a te tocar nas pernas, só as pontas do dedo percorrendo suavemente sua pele e entrando por baixo do vestido. A lingua dele viajando a sua orelha enquanto ele suspira, excitando-se. A mão dele faz pressão contra seu corpo lá embaixo, num movimento contínuo que te faz soltar um leve gemido e todo o seu sangue pulsa acelerado dilatando tudo que as mãos dele toca. Hipersensível, Você começa a seguir institivamente o movimento que ele faz, cada vez mais forte. Arranca a calcinha e agora você pode sentir o contato irresistivel da pele.Você tira a blusa dele fora deixando à mostra o corpo de músculos maciços nos quais você finca as unhas, implorando para que ele te possua até gritar.

Pronto, esta é a primeira fase. Você está absolutamente dilatada e sangue pulsando enlouquecidamente por toda parte... O que é importante, porque é a vasodilatação que provoca a liberação dos fluidos lubrificantes que te deixam umidificada em cristo (@cleycianne). Você está no ponto: erétil, dilatada e lubrificada. Na segunda fase você já abriu as pernas pra que ele acomodasse o corpo dele sobre o seu. Agora você já pode sentir o volume que aumenta assustadoramente por dentro da calça do menino. Como que no instinto você desabotoa, desce o zíper, enquanto ele transpira no calor que o seu corpo totalmente despido troca com o dele. Enfia a mão por dentro da cueca e você sente que vai entrar em pane de extase com aquele objeto quente e rígido roçando o seu corpo, forçando caminho pra entrar dentro do âmago do seu ser, sem saber onde você termina e ele começa. E aí você não sabe mais em que diabos de fase você está e você só quer aquele corpo forte e bruto cada vez mais dentro de você e você quer mais e rápido no auge da gula pela luxuria. E ele te joga, te vira, puxa teu cabelo e beija e faz carinho e joga de novo e não para nunca.

Ao bom observador, a julgar pela temperatura ambiente associada ao grau de assanhamento do seu cabelo (e eu já não sei exatamente onde está o seu rosto), você já alcançou sim a fase dois. É o lugar de alta excitação, ta entendendo? Rola essa história de que é quando os estímulos de prazer chegam completamente ao córtex cerebral, e a fase recebe o nome de platô. Quanto maior for a duração da excitação nessa fase, conta-se, mais chances você tem de ganhar um orgasmo múltiplo.

E aí a terceira fase, amigos leitores, é basicamente aquela hora. O lugar onde todas as sensações, todos os prazeres culminam, e não importa se você está na posição mais troncha de todas, você sustentaria até uma tonelada de homem na ponta do último dedo do pé tudo em nome de não estragar aquela sensação incomparável de prazer absoluto que te faz tremer inteira, esquecer de tudo e concentrar-se apenas na delícia do extase divino.

Na ultima e quarta fase, o prazer começa a entrar em declínio. Vamos imaginar que exista um orgasmômetro, que mede o nível de prazer no seu sangue de 0 graus orga até 10 graus orga. Na fase três você, provavelmente, estará no grau 10. Quando chega na fase quatro vamos supor que você permaneça num limbo de 6 orga. E está aqui, my dear big girl, a sua chance de alcançar o orgasmo múltiplo. O importante é que, nesta fase de meia excitação, você dê continuidade ao estímulo, dê prosseguimento a excitação como se ainda estivesse galgando sua chegada ao ápice. E nesse ponto é muito importante, evidentemente, que exista uma razão para você continuar excitada. No sexo isso depende do seu psicológico mas também, obviamente, depende do que seu parceiro(a) faz pra te manter excitada. Dessa maneira é uma questão de pouco tempo até que você volte a alcançar o niveis máximos de orgasmo, de novo de novo e de novo até cansar. Logo você vai pegar a prática. E, segundo dizem, a segunda e a terceira são um absurdo viu. Só digo isso.

"Satisfazer uma mulher depende não só do instrumento do homem, mas também se ele sabe fazer sexo. Mas não sei se tem um manual de instruções. Ou o homem é bom ou não, né?"

Bem, há controvérsias.
Orgasmo é bem mais complicado do que se pensa. Existe meninas que demoram meses pra alcançar um orgasmo satisfatório e até anos até conseguir um orgasmo múltiplo. E há também as sortudas que tem sempre. Não sei se tem isso de você nascer com disposição a múltiplos orgasmos ou simplesmente não. O fato é que é tudo uma questão de auto conhecimento. Você conhecer seus limites, seus momentos, sua anatomia e, especialmente, estar segura do sexo. A gente sabe a quantidade de 'oh meu Deus' que existe com essas coisas né... então é uma questão de libertação sua também. Li que a ocorrência de orgasmos múltiplos é mais comum em mulheres lá pelos 30, 40 anos. Não por uma questão fisiológica, mas exatamente porque já são mulheres experientes, conscientes de si e do que querem, sabe?

"Não tem como esperar pelo parceiro. É involuntário... Mas os homens gostam de saber que fizeram uma mulher gozar."


Verdade, a cara de prazer imenso da mulher associada ao fato de que é ele que está te proporcionando isso é prazerosíssimo para estes pavões estufados. Mas também tem isso do tempo de cada um que é um problema. Primeiro porque é uma coisa que você só consegue lidar direito depois de um tempo e com a intimidade. Depois porque se você consegue alcançar orgasmos múltiplos, ele não consegue. Então o cafa tem que entender que mesmo que ele já tenha gozado bonito, ele pode te fazer gozar mais ainda.

Todavia, eu como homem sei e não tiro a razão das suas queixas, homens são egoístas. É por essas e outras que há meninas que experimentam outras meninas, e gostam viu. só digo isso. Uma amiga minha hetero uma vez provou da fruta e "me tremi toda". Mas enfim, se não é o seu caso, para tudo há um jeito e para este é a sua mão. Masturbação. É a melhor forma de treinar e saber os seus limites. Em alguns casos é até melhor do que muita coisa que você já provou, em especial pelo fato de que é você que está no comando, que você só vai parar quando quiser e que você conhece seu corpo melhor que todo mundo. É particularmente fantástico.


eunomeio - Se orgasmo fosse uma comida, qual ela seria?

ela - halls da preta com chocolate dentro.


O que eu posso dizer mais?
Para o bom entender bastam as meias palavras.
Halls preta com chocolate dentro gente.
rsrs

Vejo vocês por aí...
;)


11/10/2010

Quando reboco é assunto de mulher

Postado por Quanta Luz |

Na realidade acho que eu sou um pouco de elaseeunomeio desde pequeno. Lembro que uma das coisas que mais me fascinavam naquela época era ver alguma mulher, qualquer que fosse, maquiando-se na frente do espelho. Largava os carrinhos, parava com o esconde esconde e ficava ali do lado, calado, vendo o reflexo no espelho ganhar cor e formas novas. Era a época do pancake, vocês lembram? Aquele reboco para pele humana? Quando chegou aqui em casa era tipo uma nova tecnologia revolucionária que minhas irmãs usavam. Eu só via e achava bonito todo aquele conjunto de ferramentas que usavam para sair.

E aí estou eu aqui hoje habitando o submundo do backstage feminino. Perdido entre produtos de beleza e lenços de lágrimas pretas. Sim, porque mulher (bebada) chorando depois da balada é aquela coisa bonita né? toda cagada. A maquiagem borrada até a alma, máscara destruída. Está ali o femenomeno da natureza desfeito de seus artificios, tremulando a bandeira da fragilidade que, acho, é também sua força. Baudelaire, teórico da arte, já dizia que a função da maquiagem não deve ser, de fato e de maneira alguma, uma imitação da natureza. O objetivo implícito de uma mulher ao se maquiar é antes o de superar a natureza de si própria.

"A maquiagem é uma mascara, que me deixa mais segura pra encarar o mundo. Tem ali um pequeno escudo que me guarda de alguma forma."

"Quando eu tô meio pra baixo, nada como fazer AQUELE make pra levantar o astral, botar
o "carão" e fazer de conta que a vida é bela, o mundo maravilhoso, e nós estamos lindas o tempo inteiro"

Verdade. Eu entendo o que vocês querem dizer. Na realidade as mulheres estão totalmente cercadas por essas ferramentas cuja função é dar um up físico e emocional simultaneamente. Sutiã com enchimento, jeans que levanta a bunda, salto alto pra ganhar poder. A maquiagem acaba sendo o maior desses recursos para alcançar um grau de superioridade estetica e acho que também moral. Eu vejo isso no olhar de vocês, logo que põem um rímel e arregalam os olhos na frente do espelho. Ali eu já sei que não está exatamente a mesma mulher. Tem alguma coisa dentro dela que muda, cresce ou melhora. É auto confiança.

Esse hábito de se maquiar é uma técnica já bem velha, diga-se de passagem. Surgiu há uns 3000 mil anos atras, na época em que Cleópatra era a maior piriguete que se tinha notícia. Embora a maquiagem lá do Antigo Egito tivesse muito mais a ver com a religião do que com a estética pura, devemos convir que a gostosona do Egito sabia como usar um delineador a seu favor. E alias, acho lindo mulher que usa delineador viu? Se o objetivo é parecer uma nova mulher, eu apostaria nele... A transformação é bem instantanea, mas necessita de boa coordenação motora. Já vi muita tentativa frustrada de por um desses.

"Depois que aplico o lápis no olho passo o dedo pra dar uma esfomaçada, um ar meio de maquiagem ressacada."

"Eu uso um batom clarinho antes do corretivo"


"Base liquida primeiro, depois corretivo e por ultimo a base em pó... Literalmente passando o reboco!!"

"Quando eu uso o blush de "efeito bronzeado", eu sempre passo com a esponjinha, no lugar do pincel. O efeito fica melhor."

"Passar corretivo amarelo nas olheiras"


Toda mulher tem o seu jeito e técnicas de aplicar maquiagem. Uma amiga minha diz que cabelo e maquiagem são assuntos que uma mulher tem que aprender por si só. Verdade ou não, o inegável é o poder dos tais tutoriais de maquiagem altamente disseminados hoje em dia no youtube. Eu sei que vocês são todas viciadas no Petiscos e as dicas de ouro. Considero esse mecanismo um indicador claro das mudanças que a internet opera na vida das pessoas.

Paremos para pensar: como as mulheres aprendiam novas facetas e truques de maquiagem na época em que se ouvia rádio e gravava-se músicas em fita k7? (por favor, digam que vocês sabem o que é k7 e eu não estou velho). Bom, duas alternativas: ir num salão de beleza usurfruir de seus segredos e do bate boca feminino ou a troca de informações entre amigas. Acho que isso se perdeu um pouco. O mais frequente que acontece hoje é você colar o link de um tutorial. A maquiagem é mais uma missão individual de cada uma do que pauta do serviço secreto feminino. A diversidade é tanta que parece existir uma técnica ou tipo de maquiagem para cada mulher, num processo de individualização estética que é valorizada.

"Detesto ir a praia e pegar bronze, porque quando eu volto pro cotidiano tenho que mudar temporariamente a cor do pó. Teve uma vez que eu não me liguei nisso e fui pra missa com a cara muito branca e o corpo muuito bronzeado."

"Mas teve uma vez que fui dançar quadrilha, ai botei o blush de um jeito que em todas as fotos saí parecendo uma caveira com a cara chupada, parecendo uma morta viva."


"Uma vez coloquei corretivo demais nos olhos e fiquei parecendo garparzinho"

Ah é. Nem sempre a maquiagem sai o que se espera dela. Quando uma menina chega pra outra e faz um comentário sobre o corretivo que ela está usando, pode ter certeza que é destilação de veneno. Base e corretivo são duas coisas que se passa no rosto pra esconder as imperfeições e também camuflar-se na pele. Não é uma coisa pra ser vista e notada. Quando isso acontece é porque a coisa não está assim perfeita. Acho que é aquela aparencia meio de porosa, quebrada, né? Enfim, até nisso mulher arranja perigo pra soltar.

Aí lá se vai toda uma peregrinação fervorosa pra menina achar o produto que se dá melhor com a sua pele. E as vezes a coisa só funciona quando o produto custa um salário e pesa 5 gramas. E como poucas pessoas tem o disparate financeiro de dar três dígitos em um tubo mínimo de maquiagem, o jeito é arrumar-se do jeito que dá da melhor forma possível.

"Um produto revolucionario seria o aplicador de cilios postiço, tenho um par de cilios, mas nunca consegui colocar."

"Acho que seria revolucionário um produto que não deixasse você suar! Sofro no verão porque suo e a maquiagem vai toda embora"


"Um delineador liquido que aplicasse que nem lápis de olho (deu pra entender?
que fosse durinho.. não melecasse mas que desse aquele efeito lindo, liquido). Meu sonho é passar aquilo sem borrar."

"Um produto "maquiagem definitiva" que aplicasse na pele e não saísse mais."


Qual produto revolucionário de maquiagem você inventaria? Toda mulher tem alguma insatisfação com essas coisas. Acho interessante uma maquiagem definitiva, que não saísse. Tudo muito mais fácil e economico. Ou então a do delineador sólido. Quando eu penso em algum produto revolucionário para maquiagem penso naquele treco, o curvex. Acho a coisa mais tecnológica no assunto rsrs Tenho até medo de testar. Inventaria alguma coisa baseado nele. Imagina uma máscara com o mesmo mecanismo que você encaixasse, pressionasse e ela maquiasse seu rosto inteiro, de uma só vez? :)

"Defendo a tese que maquiagem nao deve ser usada todo dia pra nao cair na rotina. Já imaginou você chegar numa festa e todo mundo ver que você ta com mesmo rosto de sempre por conta da maquiagem? o bom da maquiagem é o fato dela mudar as pessoas..."


Acho que concordo também. Boa parte do poder das mulheres vem de sua capacidade de causar impacto quando você não espera e, se a pessoa já está acostumada com toda a produção, o efeito não será exatamente o mesmo. Fato é: as mulheres sabem como desenvolver toda uma perfomance social. A hora que chegam, o modo como sentam, o olhar que dispensam, os risos que estabelecem, a dosagem do afeto que reservam. Embora tudo pareça milimetricamente planejado, elas já fizeram tanto isso que já é parte delas mesmas ser um encanto, cada qual com suas particularidades. Até as tímidas tem um jeito especial de envolver as pessoas certas. A maquiagem neste contexto é como o grand finale de um espetáculo, o desfecho triunfal, os diamantes de Lucy. Estar maquiada para uma mulher não tem somente uma função estética. Ela também é, quando associada ao corpo, prática e simbólica. A maquiagem torna o usurfruto de uma mulher mais excitante, até fetichista, ao mesmo tempo que lhe atribui um status próprio que lhe eleva na condição de mulher.

"Nenhuma mulher é tão linda que não mereça nenhum disfarce, nem tão feia que não tenha o que ser realçado"


Né?
Fechou!
E por falar em fechou: olhe, que porra dificil de abrir é caixinha de maquiagem viu? A pessoa não sabe qual o lado que abre, faz força, escorrega, nada acontece e aí quando a menina pega... Plac. Abriu. Até NISTO, meu Deus do céu, vocês tinham que ser difíceis.
Isto é artefato alienígena!

10/26/2010

Sobre relacionamento - o ultimato (pt. II)

Postado por Quanta Luz |

Dei uma parada pra ler algumas conversas antigas da gente e percebi que nunca falei com vocês realmente sobre dar certo. Sempre dei essa preferencia inadvertida a rompimentos e, mesmo quando fui otimista, em muitos casos isso se tornou uma forma de conforto mais do que de motivação. Acho que a gente só se sente motivado a realizar alguma coisa boa com as nossas vidas quando conhecemos exemplos de sucesso que nos digam em caps lock algo como VOCÊ TAMBÉM PODE.

É observável que todos nós temos em nossa memória algum "exemplo de vida", aquela história que deu certo e que se parece com a que estamos escrevendo. Sei lá, pode ser o casal fofo de velhinhos que se amam de um jeito tão absurdamente recente ainda hoje, do cara que conquistou a mulher mais inalcansável de todas ou daquela menina que se casou com o homem incrível do qual todas desedenham porque dizem não existir. Não importa como ou quando o Universo decide fechar todos os sinais de transito para que você possa atravessar a avenida, deixar cair notas de 100 reais no teu caminho, descobrir a cura para a TPM ou a depilação sem dor! O que importa é que, uma hora ou outra, o teu onibus chega na hora que você põe o pé na parada.

"Para que dê certo, no começo eu estabeleço a regra fundamental: sinceridade acima de tudo, com a sinceridade vem a confiança, que para mim é a base de tudo."


"Confiança, ser tolerante. Sabemos que é difícil homem fiel. Você precisa ser amiga do seu namorado, acho isso o principal."

"Que um compreenda as incompreensões do outro"


"Sinceridade e amizade devem existir antes de tudo"

"Sinceridade. Você gostar de estar com a pessoa, de conversar com ela, de dividir seus momentos com ela"

Veja. A todas essas meninas eu perguntei: "O que você acha que é necessário para que um relacionamento dê certo?". Nenhuma delas respondeu amor ou paixão. Nenhuma. Na nossa cabeça temos esse hábito de imaginar o relacionamento como uma espécie de materialização dos nossos sonhos afetivos. Colocamos o namoro como a premiação máxima de nossos anseios amorosos mais sedentos. Sei lá, talvez seja. Mas um relacionamento muito dificilmente irá saciá-lo a longo prazo. No início todos nós sabemos a perfeição que tudo se transforma. Tudo isso é, no entanto, mero photoshop. Você só pode dizer que sua relação está dando certo quando toda essa euforia passa. Dará certo se o que sobra depois da paixão e da novidade é o bastante.

E acredite: um dia vai dar certo e vai parecer mágica. Não vamos ser assim tão duros e negar contos de fadas como uma adolescente chata rejeita suas bonecas com desdém. Eu sei que você aprendeu a não esperar e nem fantasiar nada mais nessa vida. Chega uma hora que estamos todos endurecidos, parecendo um semi-árido ambulante em busca da água que, inegavelmente, não bebemos. Mas tipo... Bom dia, pare de ser patética. Força na peruca que agora a ordem é aprender a se relacionar com as pessoas pra dar certo. E o primeiro passo é reconhecer o que deu errado.

"Não deram certo porque nem eu nem eles estavamos dispostos a algo sério."


"Porque estávamos em ritmos diferentes ou porque percebia que a forma que eles agiam não eram o que eu queria para a minha vida toda. Terminei alguns namoros cada um várias vezes, acho que no fim tudo era uma desculpa para 'não estou apaixonada e voce nao parece ser bom para a vida toda"

"Nunca me entreguei pra ninguém como me entreguei dessa vez. Eu tinha um bloqueio pra isso, de me entregar."

"Na verdade sempre fui dominadora, nos outros relacionamentos eu ditava as regras, com o meu atual encarei uma situação nova: ele também é dominador e foi dificil eu conseguir enxergar que ninguem manda em ninguem, e que ninguem é submisso a ninguém. Acho que eu querer mandar em tudo, me achar dona da situação fez ou outros darem errado!"

Essas coisas são um exercício de como brilhar sem ofuscar. Temos todos nossos defeitos que são, assim como as qualidades, a expressão de nós mesmos. Cada um lida com isso da melhor forma para que as coisas funcionem. A menina dominadora aprende a dominar o controle quando experimenta a submissão. A bloqueada, se entrega como alternativa para prosseguir. A complicada aprende a olhar para si própria e reconhecer o que sente, quando as mágoas que causa retornam. Relações de sucesso são relações onde dois põem em prática o que um não consegue sozinho. Cumplicidade. Ser cúmplice de um mesmo crime. Contribuir com o outro porque as coisas tem que dar certo, porque há uma razão muito forte para que isso tenha que aconteçer. As vezes duas pessoas se merecem muito e se combinam muito, mas simplesmente não sabem o que fazer para continuarem juntas.

Tenho uma amiga que já tá com um menino há uns anos e nesse tempo já brigou, terminou e conseguiu voltar. Sempre tem disso. No caso dela, hoje ela se encontra numa situação estável, ama o namorado assim como ele a ama, e apesar de ambos estarem completamente familiarizados e (palavra tensa) acostumados um com o outro, nutrem uma relação linda de companheirismo. Parece uma realaçao chata, mas não é. Costume não significa necessariamente acomodação. Nessas idas e vindas, cada um soube reconhecer suas faltas e excessos até que tudo pudesse chegar em um equilíbrio. Ela aprendeu que você não pode exigir demais de alguém que não tem a obrigação de ser quem você quer. Ele teve que entender que não basta você amar alguém e pronto, você tem que deixar que ela saiba, que ela sinta. Você nunca vai dar certo num relacionamento se você não estiver com alguém que entenda que em um dado momento estar junto deverá ser mais a origem do sentimento do que o lugar de chegada.

"a paixão acabou e o que restou foi o amor mesmo, esse amor que é uma mistura de respeito, carinho, companheirismo, amizade, sexo. Esse amor me faz tá junto dele mesmo sem a euforia, porque dentro de mim eu tenho a certeza que eu quero ele para minha vida até enquanto esse amor durar!"

"Acho que quando você passa essa fase da euforia, que você conhece os defeitos da pessoa, as manias, os erros, mas mesmo assim aprende a conviver com isso, é porque aprendeu a amar."

Ah é... Aprendeu a amar. Engraçado. A gente vive falando em amor. Faz carta, poema, se apaixona, se declara, chora, sofre, ama, se decepciona, esquece, torna a amar. Vivemos um ciclo incansável de pessoas que amamos, que vem e vão. A gente acha lindo quando esabarra por aí com um casal fofo, do jeito que a gente sonha. E aí suspira, quer que seja com a gente, sente lá dentro uma pessoinha implorando por alguém com quem possa dividir uma risada e um beijo. Chamamos de amor. Queremos amor. Vivemos uma busca "secreta e diária" de amor. Mas a gente nunca parou, como agora, pra pensar se a gente sabe o que é amor. Se o que experimentamos não é apenas uma débil impressão do que é amor. Se estamos realmente à procura de um sentimento universal ou se tudo é apenas uma invenção particular. Sabe?

Uma relação bem sucedida não é uma consequencia, é um objetivo. Deixo vocês com essa frase. Não vou terminar bonito nem com um grande final. Hoje eu quero somente que pensem e, quem sabe, ponham em prática. Porque essa é a última vez que falo de relacionamento. Última chance. Já deu né gente? Agora vocês já sabem caminhar com as próprias pernas depiladas.

Um xero grande do Edu.

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