7/12/2010

sobre dar um tempo

Postado por Quanta Luz |

Hey.

Edu falando.
Faz tempo né? É eu sei. Mas não reclamem. Eu sei que vocês adoram dar um tempo nas coisas. Estamos no mesmo barco. E tipo, eu ainda tenho um post it aqui, pregado na parede exatamente na minha frente, onde se lê em caixa alta "ESCREVER SOBRE DAR UM TEMPO". Não ficaria surpreso se me dissessem que escrevi isso ano passado. Bom, o que eu posso fazer, dei um tempo nos post its também.

Pra ser sincero, devo dizer que sempre quis entender isso de dar um tempo. Dar um tempo pra que gente? Fico pensando. Sempre tem disso de alguém se desentender, ficar todo emputecido e, na hora do cansaço depois de tipo... um milhão de frases que acabaram sem servir pra nada, chegar dizendo: 'é melhor a gente dá um tempo'. Dar o tempo o caralho.

Quem assiste ou assistiu aquele seriado, Friends (que deus os tenha), deve lembrar daquele romance que foi o mais embaralhado, vai e volta e apaixonante de Rachel e Ross. Rachel e Ross, vocês devem admitir, são o rei e a rainha disso de dar um tempo. Se eu fechar os olhos consigo visualizar a cena: Rachel em sua atitude tipica de mulher em cavar o que está enterrado no meio de uma discussão, relembra sobre o mau caráter de Ross que tinha ficado com uma menina numa época em que eles estavam dando um tempo (e o tempo partiu, claro, de Rachel), ao passo que Ross responde em plenos pulmões com toda a estupidez que lhe é característica: "WE WERE ON A BREAK!!!" (Nós estávamos dando um tempo, em inglês. Beijo pra Cleycianne).

Sério. Se não pode agir como se estivesse solteiro, muito embora nada revele que você está namorando, por que dá um tempo? Tempo pra pensar? Ok. Pensar eu penso antes de dormir, durante o banho, no tédio de uma terça feira, da fila da padaria e quando eu estou nerdando na internet com as pernas competindo por espaço na mesa em que navego. Então, risca 'tempo pra pensar'.

Só posso imaginar que tempo seja um castigo. Bad girl Gaga, vá para o seu quarto e não saia de lá até que você esteja arrependida de ter engolido um terço na TV. É isso né? É eu acertei. Tempo é um castigo camuflado que as pessoas te dão porque você fez uma coisa errada e elas simplesmente não são seus pais pra te punir de alguma forma. E a punição que elas encontram é privar você da companhia delas. E a intenção maior, suprema e cataclismica é você chegar com o rabo entre as pernas, cabisbaixo, naquele gesto de amor bonitinho pincelado com o olhar de pidão que nem labrador sabe fazer. Ooow, txão bonitinho.

Mas quem fala com x é a xuxa. Porque eu acho que dar um tempo é uma palhaçada. O nome disso é charminho. No diminutivo mesmo. Char-mi-nho. Porque gente, admite. No fundo no fundo, a pessoa que deu um tempo o fez por dois motivos: ou ela nunca deu um tempo na vida e sempre morreu de vontade de fazer isso que as pessoas fazem na televisão, ou então ela está adorando a idéia desta turbulencia do relacionamento que os tira da rotina numa espécie de tristeza que é feliz porque, na maioria dos casos, ambos os lados sabem que no fim tudo acaba bem.

Mas tem os tempos que nunca acabam né? Põem o fim no relacionamento. O que só reforça a minha tese de que tempo é uma palhaçada. Porque se no caso 1, ambas as partes sabem que tudo vai voltar ao normal e aquilo é só uma punição que camufla um bom e bonito diálogo. No caso 2, ambas as partes no fundo estão cientes que tudo vai dar em merda mesmo no final e aquele tempo é só uma tentativa descabida de prolongar o que está fadado a morrer em breve.

Então, por favor. Seja minha convidada e meu convidado. Se você já deu, ou está se achando muito maduro porque vai dar um tempo, por favor, esclareça-me e mostre-me que estou errado quando eu digo que tempo é uma palhaçada.
Você é meu convidado, fica a vontade.
Aguardo retaliação.
E não eu não sei quando volto.
Por que? Quer dar um tempo comigo? rsrs

7/10/2010

nota do autor

Postado por Quanta Luz |

A gente vive perdendo coisas pelo caminho. Pode ser as chaves de casa, uma caneta emprestada, um papel anotado, a idéia genial ou a única chance. Tem gente que vive perdendo coisas miúdas por aí. Eu sempre perco os lapis da minha caixa de cor e, pra ser sincero, desde que me entendo por gente compro caixas seguidamente na promessa de que, não, dessa vez eu não vou perder nenhum. Mas a gente sempre perde, por mais que lute contra, alguma coisa pelo caminho.
Se pararmos pra pensar bem a vida é uma grande perda, desde os minutos engolidos pelo relógio no início do dia até o avião que acaba de decolar, e você não viu, levando alguém que você nem sabe quando vai ver de novo. E acho que não há perda mais enjoada e indigesta do que essa de perder coisas vivas. Perder pessoas é um tipo de perda que você não se habitua. Pode-se até aceitar mais facilmente... mas nunca se acostuma, assim como quem se conforma em nunca achar o vermelho da caixa de lapis.
Quando você perde uma pessoa, não são só os espaços físicos que ficam em branco. Você sente o peso do nada, o que é engraçado. É meio triste quando você perde a unica pessoa que ri daquilo que ninguém mais acha engraçado; que te cutuca muito discretamente e você entende o que ela quer dizer sem que um conjunto de dez palavras precise ser pronunciada; quando você perde alguém que é um pedaço intriseco do seu dia, todos os dias; quando tudo o que existe ao seu redor, começando pelo seu reflexo no espelho para terminar naquilo que você está pensando e que, sem querer, é o seu ultimo pensamento do dia; quando você começa a imaginar, meio desesperado, como faz pra começar uma vida nova; quando você tem tanta coisa pra dizer, pra mostrar, pra entender, e a única coisa que consegue dizer é tchau.
É triste, mas é a vida.
Dura, seca, feiosa e sem jeito... Como esse texto.

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