9/25/2009

em off

Postado por Quanta Luz |

Como disse uma amiga minha "a bruxa está solta". Tá todo mundo terminando o namoro ou caindo pelos cantos pela falta de um. E quando não é isso é namoro que entrou em crise. A bruxa, é claro, me afetou porque eu sempre sou afetado por essas coisas do mal.

E aproveitando que maysa fez cair meu mundo essa semana vou me dedicar, pela ultima vez nesse blog, a falar de sentimentos dessa espécie e, principalmente, será a ultima vez que vou falar de mim. Mesmo porque fazer isso muitas vez acaba adquirindo um tom demasiado filosófico.
Esse é um texto que escrevi há muito tempo atras mas que permanece assustadoramente atual. É da época em que meu antigo blog, que morreu ano passado por inanição coitado, era o meu cano de escape das coisas do mundo. Tive a necessidade enorme de divulgar esse texto e espero não estar sendo egoista fazendo isso. Até porque o palco e os spots de luz deste blog absolutamente não estão virados para mim e sim, para vocês. Com o perdão da intromissão, considerem esse post como uma breve pausa sonora de nossas conversas, assim como se, de repente, um acidente houvesse acontecido bem em frente ao nosso sofá deixando-nos sem voz.
Nesse texto coloco a pele pelo avesso pra ver se encontro a minha alma. Mas gosto de acreditar que mesmo nas coisas mais vicerais e profundamente perdidas existe, ali, alguma lição. Nem que seja a de enxergar o escuro para poder entender, finalmente, o que é a luz.

[flashback started]

"Jogo-me hoje, aqui nesta cadeira, para escrever novamente em mais um retorno nem um pouco triunfal a este lugar fadado ao abandono.
A grande novidade é que sofri efeitos de mais uma revolução na minha vida e que tudo que aconteceu entre a meia noite e as quatro horas daquela madrugada repercute até hoje. E na verdade, repercutirá por muito tempo.
O que não é novidade é que sofro disso que foi a grande razão da maior parte dos textos que se pode encontrar aqui. Sofro, logicamente, de amor.
Não tenho vergonha de dizer, porque todo mundo sem exceção vive ou já viveu isso que estou vivendo, embora a frequencia com que isto acontece comigo revele que sou uma exceção de alguma forma. Mas não é isso que vem ao caso, não hoje.
Hoje o que ficará registrado para sempre aqui é tudo o que estou sentindo agora e que é exatamente a mesma coisa que vou sentir pelas horas que virão a passos lentos. Quero somente me auto confessar nisso que é a expressão mais perto do alto e bom som que consigo alcançar.
Amo. Amo muito, sem remédio. Sou louco, pirado, apaixonado. Morro por amor e vivo de amor. Sou amor até a última gota do meu sangue e até o último verso da minha alma.
Amo e sou invariavelmente malogrado na minha busca incansável de solidificar esse sentimento... Mas o amor é mesmo líquido, se esvai, não importa onde esteja. E a despeito da minha plena consciencia sobre essa condição indigesta, insisto em acreditar que não... que ele está logo ali na ponta dos meus dedos. Mas na ponta dos meus dedos não há nada se não essas letras que digito às pressas com a vontade infame de atirar-me no mundo, sem dono, sem pensar e sem sentir. Jogar-me na multidão, no meio das luzes frenéticas e dos sons corrompidos, e por ela ser tragado, sugado e exaurido. Jogar-me de modo que assim esqueça por alguns segundos apressados qual é a razão daquele lugar ser o meu "ao redor", e daquelas pessoas serem meus 'amigos'. É disso que tenho vontade aqui nessa hora. Mas não seria mesmo muito tragico derramar lágrimas quando experimento essas línguas que nunca vou falar?
Seria...
É.
Primeiro foram dois. Tres, quatro, dez... Tantos quanto fossem preciso pra esquecer. E acho que isso é como uma droga que você cheira, que você injeta. Precisa de mais, sempre mais, cada vez que por ela você procura...
Ai chega uma hora que 20, 30 ou 40 não fazem qualquer diferença.
E é exatamente nessa hora, em que todas as ilusões já desbotaram e que você percebe que nada, enfim, irá curar o incurável, é nessa hora que você lembra.
Lembra das pequenas e borradas imagens das coisas que quase foram mas não são. Depois de ter vivido o nada absoluto por tanto tempo, você finalmente deixa-se cair no meio fio violentamente invadido pelos sublimes pensamentos que há muito tempo não te invadiam. E nesse torpor extasiante que te faz perder as forças e fechar os olhos, você se reconhece. Se encara de frente, como se numa alucinação remanescente de um estado esquizofrênico. Olha pra si mesmo e, consternado, vê a pequena parte de si mesmo que você acabou se tornando. Tudo por causa do amor.
Amor?
Loucura.
Amor é uma loucura.
Mas o pior de tudo é quando, ainda assim, você permanece ali, imóvel, na dureza do meio feio. Aguarda, mesmo sabendo ser inútil, que alguém te resgate dessa vida de exageros e desespero. Espera que a noite passe em sua intrigante falta de luz, ali deitado, inerte, quase dado por morto. Mas não é mesmo isso que acontece quando amamos e não há mais combustível que nos alimente? Morremos, porque um amor que não se completa não sabe viver sozinho. Aos poucos cansa, enfraquece e morre.
E a morte é o fim de quem ama. Não é mesmo isso que diz aquele verso?
"Quem sabe a morte fim de quem ama..."
Morro, de pouco... A cada segundo que o relógio marca.
Estou cansado.
Cansado de entreter, ser conveniente, admitir, ceder, sorrir por casualidade e até de chorar pela súbita constatação do mundo. Cansado de dizer que tenho preguiça quando tenho medo ou de ter sono quando há tanta coisa desperta.
Quero ter a leveza de cantar no meio de uma rua qualquer e sem fim, de pular o muro de um beco sem saída, de sentir a profusão de sentimentos do mundo, de entrar em ressonância com o ruído grave que emite a Terra em suas voltas intermináveis.
Quero, com algum direito, admitir que me apaixonei de novo, perdidamente por outra pessoa, e que este é o motivo das minhas olheiras.
Dizer bom dia e crer realmente que ele será bom. Acordar de manhã sem pensar nos problemas e nas coisas que não fiz.
Mas essas não são as confissões que travesseiros escutam nas noites mal dormidas. Essas não são as lágrimas que as mãos frias dissipam. Não são as palavras que dizemos em segredo a um amigo nem tampouco são os gestos que se perdem no ar estático de um quarto fechado.
São palavras duras, áridas...
Mortas de sede.
Palavras que suplicam aquilo que...
inegavelmente, não bebem."

[fim do flashback]

7 comentários:

Lay disse...

Você simplesmente tem a capacidade de traduzir TUDO o que eu estou passando agora. O texto pode ser antigo, mas sempre será atual para alguém, e hoje esse alguém sou eu. Nele há coisas que penso e sinto, mas não tenho a coragem de assumir. E, por isso, digo obrigada e parabéns ;)

Quanta Luz disse...

Lay, acabei de ganhar o dia.
Eu tava quase tirando esse texto, achando que não ia influenciar em absolutamente nada ou que, de alguma forma, me expus mais do que deveria.
Mas agora que você disse isso, fico feliz.
Se você se identificou com ele, e mesmo que tenha sido só você, então tá tudo certo. Porque, como eu disse, são vocês as protagonistas e objeto maior de tudo.

té depois...
xero!!

lcss disse...

gostei bastante do seu jeito de escrever.
otimo texto!

Icaro disse...

já tinha lido esse. lembro que quando li, estava num lugar bem diferente do que estou agora. era mais escuro. :x

sugiro que você releia seus próprios textos sobre o amor que procuramos. =)
e carrega essas meninas pra um passeio ao sol! :D

if you go, if you stay
sometimes better breaking, baby, in the sun
before it's gone

if you love, if you feel
if you wonder how this heaven could be real
then let it run

Quanta Luz disse...

pois é icaro! punk isso né.
Meus próprios textos dizem coisas que eu preciso saber, e que eu insisto em ignorar. rsrs
Eu sei que o que eu digo é o certo, mas as vezes é difícil fazer o que deve ser feito e não o que queremos.
Mas um dia de cada vez né? E assim caminha a humanidade.
rsrs
gostei da letra.

ingrid disse...

=~~~~~

Quanta Luz disse...

o/
(esse sou eu enxugando as suas lágrimas chérie)

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