3/30/2009

sobre o amor que procuramos

Postado por Quanta Luz |

Quem neste sofá não procura ou já procurou, mesmo como quem não quer nada, aquela pessoa com quem passará o resto dos seus dias, que atire uma almofada. Vivemos à espreita nesta procura incansável de encontrar a tampa perfeita da nossa panela.


Está certo que as mulheres anseiam na medida em que os homens pesquisam, e que sonham, poetizam, dramatizam enquanto os homens problematizam. Mas no fim das contas estamos todos no mesmo barco... E onde ele vai chegar, ninguém sabe ao certo.
Acho que encontrar o amor da sua vida é como caminhar numa linha quase indefinida entre o desespero e a esperança. Tem vezes que o desespero vem escoltado por um exército de lágrimas prontas pra nos afundar no oceano das mágoas. Mas em outras, procurar pelo amor da sua vida é como perseguir, intrigado, uma borboleta que você nunca tinha visto antes.
Talvez ele, o amor da sua vida, vai estar na fila de um supermercado ou atravessando a rua apressado na hora em que o sinal abrir. Perdido numa multidão, ou sozinho no topo de uma montanha. Quem vai saber uma coisa dessas...A gente fica sem saber se tudo isso é uma questão de achar ou de procurar. As vezes a gente procura e não acha. E quando acha sem procurar, não nos serve! E as vezes não serve, porque queremos que não sirva.
Uma frequentadora deste nosso sofá fez uma colocação interessante no post anterior. Ela disse que, para as mulheres, é uma ilusão acreditar no príncipe de cavalo branco toda a vida. Que nós somos humanos com mais defeitos do que qualidades e, é verdade, qualidades que não correspondem sempre a grandes virtudes.
E bem, acho que é isso mesmo. A razão de vivermos tão insatisfeitos em matéria de amor, é o fato de buscarmos algo que não existe. E digo mais, a gente adora achar que está aí, perdida em algum lugar, a nossa alma gêmea... e sem dar importância para os que dizem o contrário.
Acho que isso tem muito a ver com a história dos amores platônicos que eram tão comuns aos 12 anos, e que tem dado as caras ainda aos 22. Esse amor que tem a ver com desejar alguém e, muito mais, idealizar alguém de forma a conceber uma pessoa que absolutamente não existe ou não corresponde a realidade.
As meninas sabem muito bem o que é ver aquele menino três séries depois da sua, exibindo-se pelo corredor do colégio numa perfeição tão profunda que seu coração dispara e a voz desaparece. Sabem o que é concentrar-se ao máximo para não tropeçar nas próprias pernas quando ele caminha na sua direção ou realmente se estabacar no chão de tanto nervoso.
Os homens, menos dramáticos e mais sexuais, esquecem de tudo (e jogam tudo) pra ver passar aquela menina que anda eternamente na câmera lenta desfilando as curvas que dançam por dentro da aparente inocência de um uniforme de colegial.
Quando a gente cresce a gente descobre que esses amores platônicos, que as meninas escreveram no diário com recortes de revista e papel de bombom e que os meninos tantas vezes imaginaram dentro do banheiro (ops!), bom... esse tipo de coisa na verdade perde a graça quando deixa de ser platônico. É como se, quando as coisas se tornam reais e tangíveis elas perdessem o sentido. Ou, como é mais comum, o ser platônico revela-se na forma de carne, osso e montes de defeitos.
Quando nos tornamos adultos essa "platonicidade " muda de aparência. Para as meninas por exemplo... Antes o platônico era o "menino mais lindo e popular" da escola, e isso era suficiente. Quando elas crescem ele não apenas é o mais lindo e popular bem como é o que lhes oferece estabilidade, segurança, fidelidade e amor (às vezes a lista é mesmo nessa ordem). Na fase adulta não basta os olhos azuis sedutores ou a perfeição do sorriso (apesar que elas vão dizer "sim", sem pensar, na hora que oferecerem o bruno gagliasso a elas ¬¬). As mulheres platonizam o homem que seja, simultaneamente, bonito por fora e bem resolvido por dentro em todos os sentidos. Elas não acharam ainda, mas acreditam que vão achar um dia. E quem sou eu pra dizer que não?
Já com os homens é diferente. Antes eles buscavam a gostosona do pedaço. Hoje eles... Bom, claro que eles apreciam a gostosona do pedaço, mas isso nem é mais tão importante, mesmo porque essas mulheres são raras e as outras não podem usar photoshop na vida real, não é? Além do mais, as gostosonas na maioria das vezes são fraquinhas da cabeça. Essas mulheres que eles viam nas revistas e fantasiavam nas musas do colégio, atualmente não os atraem. É isso mesmo que vocês ouviram meninas. A maior parte deles não quer nada com a mês de abril da Playboy.
Ele pode até querer ir pra cama com ela, mas a mulher que ele quer pra vida dele definitivamente não é essa. Um cara me contou o seguinte uma vez, sobre a experiência do sexo com uma mulher-sexo: "Quando eu termino lá com a menina, a vontade que eu tenho é de empurrar ela da cama, que ela desapareça". A platônica deles não é só um corpão, mas também (e muito mais até), aquela mulher que lhe complete, que divida a vida com eles, que esteja protegida sob seus braços enquanto caminham conversando sobre qual deveria ser a cor do céu (as cores do time dele, lógico). Ao que parece os homens tem bem mais necessidade de compartilhar uma existência do que as mulheres.
É... De platônico e platônico, nenhuma galinha enche o papo. A gente sonha, procura e até espera que, um dia, a pessoa que senta ao lado da gente no onibus seja a que viveremos para todo o sempre. Mas do nosso lado só senta as velhinhas se desmanchando ou o cara que tá vindo da feira com um monte de frutas dentro da sacola que incensa o ambiente inteiro. E, bem, é desse jeito que a vida real nos dá as boas vindas. Mas ela ensina uma coisa muito importante pra gente, no fim das contas.
O amor da nossa vida foi algo construído, muito pelos filmes, e que a gente absorveu como verdade. O amor pode ser uma escolha algumas vezes, mas ele nunca é realmente o fruto dos nossos desejos. O importante é, se temos necessidade, procurar aquela pessoa que nos fará feliz e não a que satisfaz os nossos pré-requisitos. Até porque a gente nunca sabe o que quer da vida realmente. Então que tal parar de ir buscar do outro lado do mundo aquilo que está do outro lado da rua ?
E quer saber do que mais? Somente o homem que tá voltando da feira vai te oferecer uma laranja quando você tá morrendo de sede num dia quente. E apenas aquela velhinha se desmanchando vai te presentear com aquele enigmático: "o que a gente quer, meu filho, nem sempre é o que a gente precisa!".

E assino embaixo.
;)






20 comentários:

Anônimo disse...

aaaah
ficou tão bonitin esse final ;~

e o texto todoo! >D

anNinha

Rafael Carvalho disse...

"enquanto os homens problematizam."

pelo contrário. simplificamos até demais.

"Então que tal parar de ir buscar do outro lado do mundo aquilo que está do outro lado da rua ?"

eduardovcéfoda.com
:D

Helline disse...

Meu Deus....
Você aaa você...


"A razão de vivermos tão insatisfeitos em matéria de amor, é o fato de buscarmos algo que não existe"

Sem comentários...

beijos

Icaro disse...

nunca tenho o que dizer, droga. :P
também pudera, tudo completo. post muito foda. x)

ainda leio um livro teu. :D

Rayssa disse...

"amores platônicos que eram tão comuns aos 12 anos,e que tem dado as caras ainda aos 22."

Meu Deus...isso é verdade!
=~~~X

Eu amei o texto ..como tds os outros....e td q vc falou é real sim..=\

Rayhana disse...

Eduuuuu

vc sempre descrevendo com perfeição a realidade dos sentimentos, axo incrivel a sua capacidade de entender exatamente o que sentimos

Edu.. sou sua fã numero

192818398938923... vim depois de muitas
rsrsrs

JUJU disse...

acredito que para a maioria das mulheres de hoje, com a indepedência que nos bate a porta, não existe o homem perfeito no cavalo branco, ISSO SÓ EXISTE NAS NOVELAS DAS SEIS :P, as que sonham com isso são aquelas que continuam presas nas suas vidas futéis, pq somos todos humanos, COM MUITO MAIS DEFEITOS DO QUE QUALIDADES, qualidades que nem sempre correspondem a grandes virtudes....

FOI UMA AMIGA MINHA DE DIREITO QUE ESCREVEU ISSO, HEHE

E EU CONCORDO COM ELA. TIPO, JÁ TIVE ESSA FASE DE AMOR PLATÔNICO EM OUTROS RELACIONAMENTOS (NÃO SÓ NAMOROS) MAS COM O TEMPO (E QUEBRANDO A CARA) APRENDI A OLHAR AS COISAS COMO ELAS SÃO.

E O BOM DE TD ISSO É QUE HJ POSSO VIVER UM AMOR DE VERDADE COM UM CARA CHEIO DE DEFEITOS, MAS COM QUALIDADES QUE RARAMENTE ENCONTREI NOS OUTROS, QUE EU AMO DEMAIS, QUE ME AMA DO MESMO JEITO. sABE AQUELA COISA DE "AMAR APESAR DOS DEFEITOS". NÃO É ASSIM. O LEGAL É AMAR COM TODOS OS DEFEITOS. MAS SEMPRE CONSCIENTE DELES.

NÃO É LEGAL NAMORAR COM UM SER IMAGINÁRIO, NEM ACHANDO QUE "COM O TEMPO VAI MELHORAR..."

ÓTIMO O POST PRA VARIAR!!


BJUS!!

Quanta Luz disse...

É sempre uma satisfação muito grande saber que as leitoras e os leitores se identificam com o que escrevo!! Afinal esse blog é pra vocês não é? rs

um xero! voltem sempre (e chamem mais rsrs!)

Anônimo disse...

Eduardddddddd só tenho uma coisa pra falar: eu sou sua fã!

Ainda vou ler um livro seu [2]

*Geo =***

Marina disse...

Como nos demais textos, este está PERFEITO....


só tenho a reiterar o que Ju afirmou acima:
"O LEGAL É AMAR COM TODOS OS DEFEITOS"
não é o amor perfeito que se procura, é aquela pessoa a qual vc será capaz de amar todos os seus defeitos, e, na verdade, vc o ama por possuí-los...

talvez seja por isso que os vilões fazem mais sucesso que os mocinhos =XX
auahauah


=D

Anônimo disse...

Duh!

Muito bom! afinal amor platonico é uma realidade na vida da maioria!

Perfeito como sempre!

Ainda vou ler um livro seu [3]

Camila C.

ingrid disse...

putz Eduuuubs!
uma lágrima escorreu dos meus olhos a ler esse texto!
lindo lindo *_*
incrivel com vc consegue se superar... qndo eu acho q n pode melhorar... tu vem sempre com o melhor dos textos (que permanece o melhor ate o proximo...)


perfeito!
te amoow

Rebeca disse...

as vezes a gente idealiza tanto uma pessoa que quando vai ve realmente ela ñ é o que a gente pensava que era....

Gabriella Diniz disse...

Acho que eu tive uma pré-adolescencia diferente O.o
Nunca fui de ficar platonizando um menino mais velho, bonitão desses hsuiaohsiuah
Prefiro muito mais a beleza interna, que a externa (deixando claro que a externa não pode ser nula, ok? HSUIAHSAO).

No mais, ótimos textos (tanto esse quanto os outros que eu não comentei, mas que eu sempre leio! xD), Edu!

Adoro teu blog, vivo espalhando ele pelo MSN husioahsouia :D

:***

Larissa Lynda disse...

"Então que tal parar de ir buscar do outro lado do mundo aquilo que está do outro lado da rua ?"

eduardovcéfoda.com

[2]



muiiiito bom o texto du! ;D

Larissa disse...

"E quando acha sem procurar, não nos serve! E as vezes não serve, porque queremos que não sirva." minha cara isso.


"Quando nos tornamos adultos essa "platonicidade " muda de aparência. Para as meninas por exemplo... Antes o platônico era o "menino mais lindo e popular" da escola, e isso era suficiente. Quando elas crescem ele não apenas é o mais lindo e popular bem como é o que lhes oferece estabilidade, segurança, fidelidade e amor (às vezes a lista é mesmo nessa ordem)." Sinto isso na pele hoje...

"O amor da nossa vida foi algo construído, muito pelos filmes, e que a gente absorveu como verdade." Realmente...=/

"procurar aquela pessoa que nos fará feliz e não a que satisfaz os nossos pré-requisitos." Tapa na minha cara, pq eu sou cheeia de prérequisitos, todo dia eu invento um...

Ai, esse texto realmente me fez refletir. Eu ainda acho impressionante a tua capacidade de adivinhar oq eu to passando!!!! Oo
As vezes eu sinto como se tivesse esperando o cara perfeito...me decepciono muito quando aparecem oportunidades diante de mim q nao correspondem às expectativas que eu crio com minhas exigências...

Tentarei mudar isso...


enfim, muuuuuito bom texto, Edu!

Larissa disse...

uma lágrima escorreu dos meus olhos a ler esse texto! [2]

Ainda vou ler um livro seu [4]

Unknown disse...

agora faço com Foucault, se nao fosse o romance e o amor romantico contado pra gente, de geração pra geração.. nao saberiamos o que seria o amor, bjs, lindo texto

Anônimo disse...

é, a nossa cobrança infinita...
=DD
amanda

kuka disse...

"o que a gente quer, meu filho, nem sempre é o que a gente precisa!"
Ah, as velhinhas...

Postar um comentário

Subscribe