15 de Abril de 2110
Segunda-feira, 08:20
Dia de ressaca. A claridade me impele a levantar da cama. Abro os olhos com a dificuldade de quem dormiu duas horas e uma garrafa de vinho...
08:22. Atrasada, como de costume.
(espelho do banheiro)
Nasci num mundo de mulheres onde homens são raros, velhos ou já morreram. Desde o século passado quando a ciência foi capaz de sintetizar espermatozóides em laboratório, os homens se tornaram irrelevantes. Eles, na verdade, sempre atrapalharam.
Enquanto dominou, o ego masculino somente construiu guerras, desgraça e morte. As mulheres eram obrigadas a conviver com as incapacidades e deficiencias masculinas. Traição, agressividade, luxuria. Eles sempre foram o lado mais animal da espécie. Divididos entre o orgulho e o ego, eram eles por trás do crime, matando, assaltando, espancando, estuprando. As mulheres perceberam que, afinal, um mundo delas pudesse ser a chance de reerguer um lugar condenado a destruição.
Em 2070 menos de um terço da população mundial era masculina. Mulheres reproduziam-se por si mesmas, e com o auxílio da engenharia genética passaram a dar a luz somente ao sexo feminino. Naquele ano os homens uniram-se contra a ordem vigente usando daquilo que, achavam, os levaria a vitória: a força.
Foram rechaçados.
Os cargos mais importantes da política já nos pertencia e nós tomavamos as decisões que nos era apropriada. Ora, a nossa revolução já havia começado muito antes dos homens imaginarem, ali na sua inteligência super focada. Vai ver esse era o problema. Eles não enxergavam além dos seus próprios objetivos. Não fomos feitas para constituir um exército, e por essa razão a nossa batalha é invisível aos olhos.
Hoje, o mundo pertenece a nós, as mulheres. Discípulas da beleza, do amor e da prosperidade. E aqui, onde o belo e a sensibilidade são os pilares, eu sou rainha.
Meu nome é Olivia Rubenstein. Tenho 47 anos. Sou acionista majoritária de um dos maiores centros de estética do mundo, a Willendorf. Há cinco anos venho desenvolvendo uma linha de cosméticos que combatem os radicais livres do corpo, responsáveis pelo envelhecimento. Este ano chegamos ao resultado esperado. Triplicamos os cofres da empresa... bem como o espaço do meu closet.
Montada num salto quinze e dentro de um vestido-desejo, fito-me mais uma vez no espelho do hall de entrada, antes de sair. Moro num duplex na cobertura do metro quadrado mais caro da cidade e a revolução da industria de cosméticos permite que eu seja exatamente a mulher que aparenta metade da idade. Jovem, rica e loira. Quem precisa de um homem nos dias de hoje?
Entro no banco de trás do carro. Uma mulher na direção.
- Para a Willendorf, por favor. Mas antes eu preciso de um café ou minha cabeça vai explodir.
- No mesmo lugar senhora?
- Sim querida, vamos logo.
Viramos na rua principal, já barulhenta a essa hora.
09:03
Bom, eu que estou duas horas atrasada.
Fecho os olhos enquanto o carro anda devagar enfrentando um suave engarrafamento. O som é inconfundível. Um sinfonia de salto agulha batendo nas calçadas. Centenas deles nos pés de mulheres de todo o tipo. Todas montadas num mundo superior, 15 centímetros acima, como eu. Olho para aquela selva de leoas com garras escarlate e presas de porcelana. Sacerdotisas do consumo. Se nós temos um defeito, bem, ele será o consumismo. Mas quem liga pra isso? Vivemos num mundo de prosperidade. Grandes mulheres estão a frente de grandes nações. Eficiencia, diplomacia e agilidade são qualidades com as quais nascemos. E é por essa razão que, de pouco, os homens estão próximos da extinção.
- Chegamos senhora.
- Estacione ali, perto da entrada, saio em 10 min.
Coloco os oculos escuros e desço do carro. Caminho com o poder que somente um escarpin e um bandage dress pode dar a uma mulher. Percebo que estou sendo olhada, despida. Nós mulheres somos melhores em tudo, até no sexo... Quem, senão outra mulher saberia o ponto exato onde tocar os dedos e colocar a lingua para causar uma incontrolável erupção de prazer? Sorrio comigo mesma.
Paguei o meu frapuccino a uma atendente muito enjoadinha precisada de maquiagem. Esbarrei na saída com uma velha conhecida.
- Julien! Que surpresa encontrá-la por aqui, onde está Meredith? Faz séculos que não nos encontramos, preciso conversar sobre a minha nova linha de produtos! - disse cumprimentando aquela mulher dona dos olhos mais negros que já presenciei.
- Ah, você não soube? Meredith e eu não estamos mais juntas, mas estou feliz com isso - disse ela num tom desagradável.
- Perdoe-me Julien, eu não sabia... Ah, ligue pra mim se precisar de alguma coisa sim querida? Agora eu preciso ir, elas estão me esperando. - disse virando-me para fugir daquela mulher.
- Você é mesmo uma Rubenstein, Olivia. Sempre colocando o trabalho em primeiro lugar não? - alfinetou Julien.
- Oh Julien, por favor... Você sabe que não é bem assim. Hoje, por exemplo, estou com uma ressaca terrible! - dissimulei
- Aposto que bebeu sozinha, acertei?
- Bom, agora tenho mesmo que ir Julien, até algum dia.
Há de se convir que algumas vezes viver entre mulheres é como caminhar sobre ovos usando um par de escarpin. Você sabe que inevitalvelmente vai quebrá-los, o importante é não escorregar. Ou seja, nunca se exalte, sorria sempre e mude de assunto. Fazer inimigas estrogenadas não é a melhor opção.
Volto para o carro.
- Vamos o mais rápido possível querida! Ande!
- Sim senhora. - respondeu uma voz grave.
- O que você disse? - perguntei confusa. O que tinha na voz daquela mulher?
- Eu disse... Sim, senhora.
A sensação de que o mundo estava girando veio associada ao enjoo que não era da ressaca. De alguma forma aquela voz me dava arrepios e até evocava alguma coisa dentro de mim que eu não conhecia. Seria possível?
- O que... O que aconteceu com sua voz, querida? - perguntei com a glote fechando.
As travas do carro foram acionadas.
- Mas o que é isso? Abra isso agora!
Os movimentos que se sequenciaram logo após, chegaram a minha mente como um filme em camera lenta. Uma mão grande arrancou os próprios cabelos da cabeça deixando mostrar uma cabeça raspada... sem cabelos. Aquilo olhou para trás e ali pude entrever os traços do rosto... Impossível!
O sangue pulsava em minhas veias doloridamente chamando os membros do meu corpo a reagirem. Mas o pânico me paralisava. Não conseguia pensar em nada senão o fato de que ali, na minha frente estava...
Pela primeira vez em toda a minha vida, eu estava olhando nos olhos de...
Um homem.
(continua)
11 comentários:
ushuashasuashusahasuas, adorei vei. xD isso dá um livro.
"(continua)"
:o
me maaate! auehuae
muito legal! aposto que a olivia é hétero. :x haha
quero ler o resto. :D
Pela primeira vez em toda a minha vida, eu estava olhando nos olhos de...
Um homem.
Cara, que história massa!! eu ja pensei uma vez q futuramente so existisse mmulheres no mundo...mas nunca falei pra ngm pq achava q podiam pensar q era idiotice minha
haushuahs caramba, sempre se superando na criatividade!
Continue em breve viu moço? quero saber meais sobre Olívia...^^
seria ótimo, só assim teria algo bom pra assistir no domingo à tarde, ja q nao ia mais existir futebol kkkkkkkkk
seria ótimo, só assim teria algo bom pra assistir no domingo à tarde, ja q nao ia mais existir futebol kkkkkkkkk [2]
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
adorei!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Amanda to morrendo de rir aqui com essa do futebol!!
Taí uma verdade viu!
E quanto a Olivia, o que eh que vocês acham que vai acontecer hein? Será que no fundo o desprezo dela pelos homens seja sua vontade reprimida de ter um?
Hmm... Aguardem o próximo post! rsrs
Aposto q Olívia é hetero. :x [2]
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Eduardo ficoou muuuito bom..^^
adooorei...
agora...se vc n continuar o texto logo ...sei n viu?...axo q vc q entra em extinção...kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Xeroo, amoow!!
HUIOAHSUIAHSA
Muuuito bom, mas... Nossa!
Não queria um mundo só com mulher! O.O'
Imagina as conversas? HSUIOAHOIAH
Enfim, beijo Edu! :***
Meu Deussss!!!
continue...........logooooooooooo
beijos Edu
ain meo deus...
edubsssss termina logo isso, vai!
a história é otima!
mas confesso q a noite vô rezar e agradecr a Deus pela existencia dos homens aqui na terra! dão trabalho... mas saõ bons no q fazem!
;)
beijo beijo
que texto!!!
estou apaixonada pelo blog
PARABENS!!!
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