6/04/2009

quando dois viram um

Postado por Quanta Luz |

Um dia chegaria a hora em que nós teríamos que falar sobre casamento. É sagrado: "onde duas ou mais estiverem juntas, ali falar-se-á sobre matrimônio". A santificada união de duas pessoas que se amam é uma das celebrações mais antigas da história da humanidade e, não por isso, tema atual e sempre debatido de uma sociedade. Igreja ou cartório, festão ou reuniãozinha, lua de mel em Bali ou na cozinha do novo apartamento... Bem, não importa o que ou como, fato é que todo mundo um dia se junta com alguém.

E acho que nada mais apropriado que falar de casamento uma vez que sábado já é dia de se prestar homenagens (ou reafirmar desavenças) ao bendito santo casamenteiro, o tal do Santo Antonio. Quem tem par pode pagar as promessas e dar beijo a vontade no santo. Gente como eu e a metade da torcida do flamengo, no entanto, o põe de cabeça pra baixo no altar até que ele se resolva de encontrar um bom partido. Está em falta gente que valha "a dor de amar" e o matrimônio tem se tornado cada vez mais raro.
Há anos atrás era bem mais fácil ouvir o sino da igreja badalando um casamento porque antes as coisas eram uma espécie de contrato de interesses. O casal se unia de forma que um fosse o suporte técnico do outro. O homem desempenhava o seu papel de oferecer uma determinada qualidade de vida para mulher e filhos que assim representavam uma imagem bonita diante de uma sociedade enjoadinha. Anos depois o casamento passou a ser uma consequência disto que a gente vive morrendo e morre vivendo: de amor. As pessoas passaram a se preocupar menos com a instituição familiar e mais na plenitude de uma vida a dois.
Atualmente as mulheres mais moderninhas nem fazem questão de quebrar toda a cerimônia: só dão aquela passada no cartório pra depois ir morar junto. As menos conservadoras podem até abrir mão da igreja por uma praia, mas exigem a presença do padre. Já as tradicionais, noutra vertente, se deliciam com todo ritual que envolve um casamento, com direito a luz divina pairando sobre a brancura imaculada do vestido. E há também as mulheres que preferem apenas juntar as escovas e dividir o mesmo lençol sem que para isso precise assinar em algum lugar.
De fato, todo mundo hoje em dia vive uma bem-vinda onda de descompromisso. Todos os relacionamentos, todas as ficadas, toda qualquer coisa com alguém representa um processo experimental do casamento. As pessoas podem ir e vir, ir e ficar, provar e não gostar ou mesmo gostar e não provar. Em outras palavras essas coisas funcionam como uma espécie de test drive... Você vai experimetando, amaciando o produto, e ai depois quando você vê que a coisa realmente dá certo... ai casa.
Ou não?
Bom, na realidade tem gente que é tão autosuficiente que jamais sobreviveria a um casamento mesmo. Individualidade demais ou egoismos intragáveis podem ser os motivos exatos pra se dar descarga na aliança. É que esses tipos de sentimento não tem nada a ver com isso. Casamento é sobre conciliar, saber ceder em determinadas horas e em entender que a convivência é uma arte que exige paciencia, respeito e vontade de fazer dar certo.
Com o tempo se aprende que o amor, embora seja o motivo do casamento, fatalmente se tornará a razão pela qual você não se divorcia. As mulheres são intimadas a saber lidar com o futebol das quartas e domingos, com a eventual cervejinha depois do expediente (cervejinha que pode ser o nome que ele dá à outra oO) e aprender a passar por cima daquela amnésia relacionada a cores, roupas e datas. Os homens, deste outro lado, precisam fazer vista grossa à química feminina com seus altos e baixos ao mesmo tempo em que deve realizar exercicios de paciencia toda vez que uma DR inútil é posta na mesa no lugar do jantar. É justamente por isso que o casamento é a expressão máxima do amor: porque ele é capaz de fazer duas pessoas se odiarem, dando-se as costas ao dormir, ao mesmo tempo em que lhes mostra como o amor é maior que as desavenças na hora em que os dois acordam abraçados, sem querer, de manhã cedo.
Não importa se o casamento veio depois do altar, se foi antes dos 20 ou se foi apenas um "caminhão" de mudanças com malas e um liquidificador. Fato é que o casamento é muito mais um estado de espírito que um estado civil. Quando dois não se batem ou um não quer, não há Santo Antonio que interceda nem promessa que se cumpra. É preciso amar mesmo de verdade e se dar bem pra se fazer cumprir os votos matrimoniais, que aliás dizem tudo isso que eu já disse aqui.
É um problema quase matemático encontrar a pessoa certa. Tem gente que já achou, gente que acha que achou e gente que acha que achar é impossível. Queira ou não esse achado todo uma hora vai ter que terminar num belo e sonoro "Aceito".
Na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, até que a morte separe.
Bem, tenho que admitir.... essa é a coisa mais incrível que alguém já escreveu sobre dois serem um.

8 comentários:

Carol disse...

"[...]porque ele é capaz de fazer duas pessoas se odiarem, dando-se as costas ao dormir, ao mesmo tempo em que lhes mostra como o amor é maior que as desavenças na hora em que os dois acordam abraçados, sem querer, de manhã cedo."
Que coisa mais linda de se dizer... e quanta sensibilidade ao analisar essa cena tão comum dessa maneira :~~
tu não existe!
VOCÊ ACEITA SE CASAR COMIGO, EDU? *_*

Unknown disse...

Owww que coisa mais linda, meu du!! sempre escrevendo tão bem sobre o dia-a-dia! parece ate que ja ta vivenciando-o kkkkk depois mostra a sylvia qual é o endereço! ela vai amar ler tudo isso também! esse texto para o dia dos namorados está muito lindo! perfeito! beijos

Quanta Luz disse...

rsrsrs Aceitoo!!!!

Unknown disse...

Você é o cara,escrever sobre casamento dessa maneira, atualmente, impressiona!
E ainda mais escrito por um homem(sem preconceito,eh pq realmente eh raro)
Parabens!
Visito sempre e acho muito legal.
Uma vez falei pra uma amiga de seus textos,cai pra tras qnd ela disse q te conhecia..achava q vc era de SP(n sei pq Oo),enfim.
Ganhou uma leitora fiel.
Rebeca jessica

Quanta Luz disse...

Oba! mais uma "Ela" pro meio! rsrs
Valeu Rebeca! Me falaram que eu escrevi como se fosse um cara casado. Parei pra pensar sobre isso e acho que eh pela convivencia mesmo... Escuto sobre o que elas dizem, os problemas e insuficiencias. E como essas coisas são mais ou menos as mesmas sempre e em todo lugar, dá pra compreender e escrever sobre.
Fico feliz (demais) que tenha gostado dos textos e mais ainda, que você tenha feito essa imagem de "menino de sampa" minha rsrsrs

sinta-se a vontade! O sofá é seu. :P

Unknown disse...

olha eu aqui de novo..
por nada,espalhar..pra fama desse sofá,é mais que justo!
o texto mais verdadeiro e mais lindo que li foi este.
Estou a espera de mais =D
huhuhuhuhu
R.J

Anônimo disse...

Duh!
Lindo lindo lindo!
Nao eskece q kem vai organizar o meu casorio eh vc!

C.Cassandra

Glenda disse...

Agora eu quero casar...!! =D

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