9/11/2009

Viver a Vida

Postado por Quanta Luz |

Acabou!!!!!
Não aguentava mais ouvir todo mundo dizer que Raj vai perdoar Maya e que Surya ia virar doméstica dos Ananda (o que de fato não aconteceu). Em todos os lugares em que eu me encostava pra sentar sempre tinha alguma rodinha de meninas numa dessas discussões fervorosa, cada uma competindo com a outra pra ver quem sabia mais sobre o que ia acontecer no final da novela. Assim não tem graça minha gente! A pessoa fica sabendo tudo que vai ter antes mesmo do capítulo ir ao ar. Chato isso.
Essa semana mesmo tinha uma menina conversando atrás de mim que af maria, eu fiquei morrendo de rir. A criatura de jesus tava tentando explicar qual era o parantesco do filho de Maya com Opachi. Porque tipo... O filho de Maya não era filho de Raj né? E, portanto, não era neto de Opachi, pai de Raj. Ai a menina tava querendo dizer que mesmo que Niraj, filho de Maya, fosse de Bahuan, ele continuaria sendo parente de Opachi porque Opachi é o verdadeiro filho de Shankar que por sua vez é pai adotivo de Bahuan. Acontece que ela passou longe de conseguir dizer isso porque ela se estrepou na própria lingua e não chegou a lugar nenhum.
Mas enfim...O que eu acho interessante é como a novela das nove mexe com a massa de mulheres nesse país. E, alias, vou confessar: eu próprio sou um noveleiro sem remédio desses que decora o nome completo das vilãs, sabe? Tipo Branca Letícia de Barros Mota, Laura Prudente da Costa e Silvia Pessoa de Moraes. E na realidade acho que todo bom brasileiro tem um apego com o horário das nove da globo né?
É por isso que eu acho que novela é que nem acidente de transito: todo mundo para pra ver. Não é de se causar surpresa que toda mulher (e não só elas!) acompanhe fervorosamente os episódios do horário nobre, principalmente elasé que são as mestras faixa preta do dramalhão. Algumas até podem assistir um dia pra voltar a ver na semana seguinte, olhar uma cena ou duas e descobrir o resto que aconteceu lá no resumo da revista de fofoca...Mas se tem uma coisa que é simplesmente imperdível, é mês final de novela. É uma emoção a cada capítulo. Ultima semana então... Me atolei geral na faculdade por causa dessa novela desgraçada que nao me deixava fazer nada (exagerado). E não só eu! Nesse ultimo mês tenho ouvido elas se queixarem sorrindo que chegam em casa e não conseguem fazer nada só pra assistir a novela.
A fórmula de tanto sucesso é basicamente a mesma sempre e varia de acordo com o autor. Vou fazer um mini pódio aqui pra ficar melhor.
Em quarto lugar eu vou colocar as novelas de Aguinaldo Silva. Você talvez não saiba quem ele é mas com certeza acha esse nome familiar. Então... Lembra daquela novela que tinha Marcos Palmeira na pele de Guma, que ele era pescador, devoto apaixonado de Iemanjá, que fazia par com Flávia Alessandra? Pronto, o cara é o autor dessa novela, Porto dos Milagres. O que eu gosto de Aguinaldo Silva é essa viagem doida que ele faz nas tramas dele, sempre com uma coisa meio sobrenatural como alguém que voa, divindades que fazem aparições e todas essas coisas pairando no ar. Mas como eu prefiro lembrar uma novela por meio de suas vilãs, tenho que falar de Cassia Kiss interpretando Adma Guerreiro. Foi absurdo. Eu amava aquela mulher. Ela vivia envenenando tanto a galera com aquele pozinho que ela guardava no anel que no final acabou morrendo pelo próprio veneno. Mas pra mim a melhor novela de Agnaldo Silva foi A Indomada. Só a abertura já era o máximo... Nunca jamais em toda a história do mundo eu vou esquecer quando, no ultimo capitulo, Altiva (Eva Wilma) morre num incendio, aparece no meio da fumaça e diz pra todo mundo ouvir: I will be back, com aquele gracioso sotaque que lhe era característico. (Meu Deus, segurem meus radicais livres que eu to ficando velho).
Para Gilberto Braga eu dou o terceiro lugar. O Brasil em peso queima as lamparinas do juízo durante oito meses pra descobrir quem matou o carinha lá no inicio da novela. Tanta especulação que enche o saco. É ele o autor de Celebridade, lembram? A novela de Laura Prudente da Costa que, junto do seu michê Marcio Garcia, tenta a todo custo usurpar o patrimonio da apagada Maria Clara Diniz, interpretada por Malu Mader. Acho que todo mundo guarda na memória a surra que Laura levou de Maria Clara né? O Brasil adora um barraco, bora combinar. E ver a protagonista afundando a francesinha na cara da vagabunda que todo mundo odeia (e que eu amo), é como sair de alma lavada.
Em segundíssimo lugar vem Glória Perez. O Clone, América e, agora, Caminho das Índias são todas novelas da autora. Vocês devem concordar comigo que o ponto forte da trama é o apelo multicultural que ela dá a novela né? E acho que é por meio do seu trabalho que fica mais evidente a influencia da novela na vida do brasileiro, e em especial das brasileiras. Lembro demais as meninas aderindo aquela pulserinha de Jade que prendia no dedo e como todas queriam aprender a dança do ventre... Sem falar nos jargões que caem na boca do povo como "Ishalá", o "Não é brinquedo não" da Dona Jura e, mais recentemente, o "Are baba". Eu particularmente sou fã de O Clone, o que se deve muito a atuação de Giovana Antoneli... Ficava besta quando os olhos marejados dela encontrava os de Lucas nas areias do deserto ao som de "Somente por amor a gente põe a mão no fogo da paixão que deixa se queimar". Queria que passasse em 'Vale a pena ver de novo' pra acanalhar de uma vez por todas meus planos de ser um estudante aplicado.
E em primeiro lugar, acima de qualquer outro, está o PhD desta disciplina chamada mulher. Estou falando de Manoel Carlos, autor de "Páginas da Vida" que é, também e principalmente, o cara por trás daquela trama chamada "Mulheres Apaixonadas". Ali está um cara que sabe da alma feminina, com todos seus atalhos e esconderijos. Nas novelas dele o público feminino sempre encontra aquela personagem com a qual se identificam. E essa é a grande sacada dele: as mulheres adoram ver a si próprias, ouvir falar delas e, principalmente, ser entendidas. Não poderia deixar de comentar também sobre aquela cena clássica inesquecível de Camila (Carolina Dieckmann) raspando o cabelo ao som de "I said I didn't come here to leave you, I didn't come here to lose", em Laços de Família. Essa cena causou comoções até na época da reprise. Um dia eu chego lá, me aguardem.
rsrs
É como eu disse na semana passada. Toda mulher tem um drama particular e é justamente esse o motivo que transforma as brasileiras nas maiores consumidoras do mundo em matéria de teledramaturgia. Para elas novela é uma questão de encararem-se a si mesmas e de enxergar ali na tela a própria realdiade. Quando a Helena de Manoel Carlos chora suas paixões e grita suas insatisfações, é como se elas o fizessem também. Vocês não imaginam a quantidade de mulheres que existe por aí, cansadas de um casamento que deu errado e que não acaba. Então quando Regina Duarte chama José Mayer de "Ca-na-lha" a plenos pulmões em Páginas da Vida, ela o está fazendo por centenas de outras mulheres que a assistem. Quando Melissa Cadore desce do salto e vira chave de cadeia em cima da cara de Yvone, é a mão das mulheres traídas que a espancam. E quando Maya e Raj pontuam o último diálogo da novela com um simultâneo "Eu te amo", ali, envoltos num clima de mitologia, é a utopia feminina do amor pret-à-portér que se realiza.
É que cada mulher é um caso. Há mulheres que choram e sofrem para que depois do martírio independam de qualquer outra coisa que não seja delas mesmas para serem felizes. Existem mulheres que fazem de suas vidas as páginas de um romance exatamente com o mesmo drama e intensidade. Que manipulam os fatos e justificam os meios para alcançar os fins. Mulheres que são dentes e unhas, graça e afronta, força e delicadeza, tédio e alegria. No fim das contas, depois que se calcula os altos e prejuízos, a vida de uma mulher não é nada diferente de uma novela. São todas mulheres apaixonadas, escrevendo suas próprias histórias e traçando seus caminhos como senhoras do próprio destino. E nesse drama em que toda escolha é por amor e que nenhuma paixão é sem propósito, afinal se percebe que, a despeito da dor e da felicidade, o que nos faz humanos e melhores é, simplesmente, viver a vida, um dia de cada vez. Porque é fato que tudo o que nos acontece é por uma razão. E nesta louca experiencia que vivemos aqui, sem ter qualquer noção de para onde estamos indo e muito menos por que, a única certeza que guardamos bem la no fundo de nós mesmos é de que, no fim e apesar de tudo, as coisas vão terminar bem.
Assim, como o ultimo capítulo de uma novela.

7 comentários:

Anônimo disse...

nossa, muito bom o texto :)
é engraçado, como várias vezes essa semana eu parava no meio da cozinha, e olhava pra tv que fica (de forma muito conveniente) perto da geladeira, e via que tava todo mundo lá, parado e hipnotizado olhando pra tela e aproveitando o intervalo pra catar alguma coisa pra comer, kkkk
todo mundo! pai, mãe, madrinha, avó... até os cachorros ficavam influenciados pela comoção e paravam de latir pelo menos na hora do capítulo!
afinal, raj perdoou mesmo maya, e surya não foi jogada no poço nem nada, mas valeu muito a pena !
destaque especial pras 'elas' que como eu, são meio sofridas e choraram na hora "quando Maya e Raj pontuam o último diálogo da novela com um simultâneo "Eu te amo", ali, envoltos num clima de mitologia, é a utopia feminina do amor pret-à-portér que se realiza."
Parabéns Edu !
yasmim

Rebeca disse...

nunca gostei muito ñ de novela, mas ñ vou negar q adooorava chocolate com pimenta, o beijo do vampiro, o clone e malhação durante a vagabanda, eram simplesmenta fuderoso :P

mas o que gosto mesmo é seriado, me entrego de paixão, até hj sei as falas de personagens decorados de seriados q já foram a anos cancelados

gustavo disse...

Que negócio engraçado!

[noveleiro falando...]
Meu favorito é Gilberto Braga. Além de Celebridade (ai Laura do meu <3) ser um clássico da minha adolescência (eu morria mil vezes quando acabava um capítulo [trilha de suspense aumentando] [click] e tocava Born to Try ç_ç), eu ficava impressionado como ele colocava ganchos relevantes em t-o-d-o-s os capítulos de Paraíso Tropical (!!). Eu quero ser ele quando crescer :P

O Clone também é outro clássico, América foi uma decepção descomunal. E A Indomada?! idolatrei Adriana Esteves por muito tempo por conta daquele papel.

Admiro muito 'Maneco', e também acho a sensibilidade em tratar o mundo feminino admirável. Porém não gostei do que ele (tá, sei que não foi -só- ele) fez em Páginas da vida, e acabou desmistificando, sabe?

Apesar disso, espero muito dessa novela! *.*

Quanta Luz disse...

Yasmin! É incrivel o poder hipnótico da novela né? As vezes eu to passando pela sala sem nenhuma intenção de ficar ai quando vejo to parado na frente da TV vendo o que tá acontecendo na novela. Isso merece estudo :D

Rebecaaa!! Chocolate com pimenta?? af, eu nao gostava nao. Alias a unica novela ambientada nos anos 20 que eu gostei foi O Cravo e a Rosa. Adorava. E seriado realmente nem se fala... Choro demais. rsrsrs

E gustavo você é um noveleiro tambem!!! :D Eu adorova demais Adriana Esteves por causa desse personagem dela. Ta na minha memoria o dia que passou quando ela volta um mulherão pra cidade dela, que ela mergulha na agua de calcinha e sutiã ao som de Debora Blando cantando "Unicamente"! kkkkkkk Também nao gostei de Paginas da Vida. Mal acompanhei. Tambem to torcendo pra que Viver a Vida seja otima. Só em ter Lilia Cabral tá valendo... Sou fã dela.

Anônimo disse...

como é que você esquece de citar "Paraíso Tropical" de Gilberto Braga, a melhor novela que a tv brasileira ja teve?

e não concordo com seu ranking.
mas enfim.
;)
rafael

Anônimo disse...

oooowwww criatura, tu és foooda! *-*
sou tua fããã :)

Sâmia

Unknown disse...

ADOREI TDS ESSA S NOVELAS CITADAS,REALMENTE ESSES AUTORES TEM O DOM...
MAS CA PRA NOS,O QUE FOI AQUILO,QUANDO A MAYA ESTAVA NO LAGO CHORANDO AS MAGOAS E O RAJ APARECE TO DO LINDO E MARAVILHOSO?
A MULHER SE LEVANTA TODA HORROROSA E EMOCIONADA E SE TRANSFORMA EM UMA BELA ENQUANTO CAMINHA EM DIREÇAO ELE...
AFF... NEM GOSTEI, FICOU MEIO SOBRE NATURAL...

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