A noite sempre cumprimenta o dia em silêncio. Já ouviram o discurso dela? Emudecida, recolhe-se em sua melancolia repleta de esperanças, sem a coragem de levantar os olhos e ficar cega. Ela acha, e nem desconfia, que ver o nada é enxergar tudo. Mas nem é disso que quero falar, dessas horas em que o manto escuro veste o mundo. Vou agora andar ao contrário pra que tudo pare no imaculado segundo em que o homem e o chão não é um nem outro. Quando a luz não é luz e a sombra não é sombra. Estou aqui, no meio fio do mundo, cansado. Esperando que o sol, na coxia, evapore as lágrimas que ele chora e finja a antiga alegria desesperada que encanta os otimistas.
É certo que houve um tempo em que a gente achava que o que queríamos correspondia ao que se realizava. Inegavelmente, por um ano ou dois, conseguimos acreditar que a vida não é bem essa tragédia que as pessoas cochicham por trás da porta. Ninguém quer que os outros descubram o caos que é a própria vida, e, debilmente, fingem um ar fugaz que volta pra sufocar assim que deitam a cabeça no travesseiro. A noite é muda, e costuma ser implacável a menos que você tome dois comprimidos de azul-céu.
É certo que houve um tempo em que a gente achava que o que queríamos correspondia ao que se realizava. Inegavelmente, por um ano ou dois, conseguimos acreditar que a vida não é bem essa tragédia que as pessoas cochicham por trás da porta. Ninguém quer que os outros descubram o caos que é a própria vida, e, debilmente, fingem um ar fugaz que volta pra sufocar assim que deitam a cabeça no travesseiro. A noite é muda, e costuma ser implacável a menos que você tome dois comprimidos de azul-céu.
Um dia descobrimos, lívidos e consternados, que querer não é conseguir, que andar não é prosseguir, que não pensar só é bom a curto prazo e que, finalmente, amar é bem menos do que você pensa ou algo muito diferente do que dizem os mais velhos. Com o tempo (e só com ele), você compreende que o primeiro amor raramente será o único e que as pessoas únicas dificilmente estarão com você no fim da vida. Fatalmente o "cada um por si" se torna uma verdade independente do "você não está só".
Perdão o pessimismo.
Perdão o realismo.
Mas o maior fato de todos é que a gente nasce, obrigatoriamente se relaciona, experimenta, acha ruim ou o máximo, perde as chaves pelo caminho, erra muito, aprende três coisas e, apesar de amar alguém, morre.
Mas que chato eu estou sendo ao dizer isso né?
Ninguém quer ouvir a verdade. O que a gente quer é viver os segundos ao invés das horas. E porque é rápido, queremos muito de uma só vez. Eu quero tudo de uma só vez e que sobre pro final de semana. Todos os dias temos a oportunidade de olhar pro espelho e, com cara de criança, subir a árvore que ninguém deixa a gente subir. O sol (esse falso) nos acorda todos os dias de manhã pedindo para que, por ele, a gente escolha ser alguém diferente de quem éramos ontem e indiferente da de quem seremos amanhã. É que com os anos, os músculos enrijecem, a mente falha, o coração esfria e a verdade maior que todas as verdades...brilha queimando. E ninguém quer ouvir a verdade que destrua a delícia de ser um mentiroso.
A vida é engraçada. Demais até.
Mas o que me destrói, mais do que o vento que corta a rocha, mais do que a água que inunda as ruas, mais do que a terra que traga os desavisados... é quando alguém me encara com a insuportável despretensão de quem talvez ama e que somente vive aquilo que desperta a curiosidade. Quando alguém abre um sorriso largo e ligeiramente intrigado, assim como se dissesse: "não entendo porque me ama, mas acho bonitinho."
Eu acho engraçado.
Acho engraçado que a vida seja engraçada por ser prepotente e mal educada. Acho engraçado que a gente passe a vida no limite do abismo e seja enterrado com a roupa combinando com as meias. Que o epitáfio, gravado na lápide, seja "amado irmão" e não "como passou rápido". Acho engraçado que eu esteja dizendo essas coisas aqui, sabendo que eu não tô nem aí pra verdade, que eu não tô nem aí pro que se deve estar e que eu só quero é saber por onde eu vou me aventurar amanhã.
Desculpa, acho que falei descombinado e rápido demais. Tô puxando conversa com o mundo e esperando que ele me dê atenção.
Enquanto isso, a gente fuma um cigarro.
Acende pra mim?
Perdão o pessimismo.
Perdão o realismo.
Mas o maior fato de todos é que a gente nasce, obrigatoriamente se relaciona, experimenta, acha ruim ou o máximo, perde as chaves pelo caminho, erra muito, aprende três coisas e, apesar de amar alguém, morre.
Mas que chato eu estou sendo ao dizer isso né?
Ninguém quer ouvir a verdade. O que a gente quer é viver os segundos ao invés das horas. E porque é rápido, queremos muito de uma só vez. Eu quero tudo de uma só vez e que sobre pro final de semana. Todos os dias temos a oportunidade de olhar pro espelho e, com cara de criança, subir a árvore que ninguém deixa a gente subir. O sol (esse falso) nos acorda todos os dias de manhã pedindo para que, por ele, a gente escolha ser alguém diferente de quem éramos ontem e indiferente da de quem seremos amanhã. É que com os anos, os músculos enrijecem, a mente falha, o coração esfria e a verdade maior que todas as verdades...brilha queimando. E ninguém quer ouvir a verdade que destrua a delícia de ser um mentiroso.
A vida é engraçada. Demais até.
Mas o que me destrói, mais do que o vento que corta a rocha, mais do que a água que inunda as ruas, mais do que a terra que traga os desavisados... é quando alguém me encara com a insuportável despretensão de quem talvez ama e que somente vive aquilo que desperta a curiosidade. Quando alguém abre um sorriso largo e ligeiramente intrigado, assim como se dissesse: "não entendo porque me ama, mas acho bonitinho."
Eu acho engraçado.
Acho engraçado que a vida seja engraçada por ser prepotente e mal educada. Acho engraçado que a gente passe a vida no limite do abismo e seja enterrado com a roupa combinando com as meias. Que o epitáfio, gravado na lápide, seja "amado irmão" e não "como passou rápido". Acho engraçado que eu esteja dizendo essas coisas aqui, sabendo que eu não tô nem aí pra verdade, que eu não tô nem aí pro que se deve estar e que eu só quero é saber por onde eu vou me aventurar amanhã.
Desculpa, acho que falei descombinado e rápido demais. Tô puxando conversa com o mundo e esperando que ele me dê atenção.
Enquanto isso, a gente fuma um cigarro.
Acende pra mim?