9/25/2009

elas e elas no meio

Postado por Quanta Luz |

Mulher é mesmo um ser vivo atípico.
Vocês sabem que eu adoro observar essas coisas. E é sempre uma satisfação imensa quando eu consigo identificar no rosto de uma menina o semblante de despeito, hostilidade ou até inveja toda vez que outra chega ou passa. Sempre tem aquela mulher que causa frisson na macharada sem fazer força nenhuma, vocês devem concordar comigo. Eu tenho muita pena dessa criatura e do tanto de fofoca e todo tipo de crítica que pesa sobre ela. Esta pobre há de seguir todos os dias o manual de "como sobreviver ao fuzilamento das suas pseudo-amigas", tomando religiosamente banhos de sal grosso, muita reza e todo tipo de beringuelo afastador de olho gordo. E alias, falando em ''amigas'', em muitos casos elas podem ser a pior coisa que pode acontecer na vida de uma mulher.

"Mulheres disputam, disputam tudo. Não só homens mas tudo mesmo de verdade. Ao chegar num ambiente novo elas competem pra ver quem consegue mais 'amigos' primeiro, quem passa por mais simpatica, mais alegre, mais entrosada. Acho que é um jogo de poder mesmo, quem consegue mais, tem mais poder... Quem é mais bonita, quem se veste melhor, quem tem mais roupas de marcas, consegue tudo mais facil... acho que no fundo tem essa competiçao sim"

Isso é verdade. Toda mulher compete uma com a outra, mesmo que inconsciente ou disfarçadamente. Não existe essa mulher que não observe a outra dos pés a cabeça. Numa questão de segundos já está impregnado no cérebro delas não apenas a cor do vestido, mas o tom, o corte, o comprimento, os sapatos, o cabelo, as joias e tudo o mais que seja necessário para o extenso relatorio que mais tarde ela vai enviar para o serviço secreto da chapinha. Ah! Existe um serviço secreto da chapinha ok? Trata-se de uma base de dados que funciona dentro do banheiro feminino cuja função é armazenar e compartilhar informações sobre as mulheres e também os homens que estão envolvidos com as mesmas.
Por exemplo. Vamos dizer que Susie tá numa festa super interessada num menino que, no entanto, está sendo abordado por outra menina. Pra que ela obtenha sucesso na empreitada é fundamental que ela saiba em que terreno ela está pisando. Para tanto basta acionar as amigas dela la dentro do banheiro (essa é uma das razões delas sempre irem junta lá) para que tenha acesso ao histórico do menino, o valor do lucro-investimento, isto é, em que grau os esforços gastos valem o resultado alcançado, e, isso é fundamental, o ponto fraco da menina que tá dando sopa pra ele. É tudo muito simples, organizado e assustador. Vale dizer ainda que todos esses dados, devido ao perigo que constituem, são guardados diretamente no HD cerebral de cada integrante. Agora, só não me pergunte como elas fazem pra lembrar que Carol estava usando um mini vermelho no dia em que ficou com Lucas, que foi na mesma época em que ele estava dando um tempo com Marina que, assim como se comprovou nas fotos do orkut, estava usando um vestido decadente na festa de formatura do ex-namorado dela que foi, aliás, o motivo da briga com Lucas que a esta altura estava se atracando com Luana, ex-best de Carol, em algum quarto de motel (e olha que essa hitorinha é quase a verdadeira!).
Ah e tem também aqueles típicos comentário do tipo "Que blusa lindaaaa", que já é praxe. Vejo muito essa cena se repetir com elas e já to calejado em matéria de falsidade feminina. Ali eu já sei que a menina tá com muita raiva porque a roupa dela não é tão ou mais bonita que a da outra, e aí ela quer sair por cima fazendo de conta que nem liga pra isso e até elogia. Eu fico besta com essas coisas e de como acontece realmente. "Deus, obrigado pela testosterona."
A falsidade, aliás, é um adjetivo puramente feminino não por outra razão. Eu nunca ouvi um cara dizendo: "Aquele menino ali é falso demais...". Não, isso não existe. Os homens podem ser cafajestes, canalhas, infiéis, cachorro e mentirosos, mas falsos não. Ao contrário das mulheres, entre os homens existe uma coisa chamada "Solidariedade Masculina" que basicamente estabelece que um homem nunca deve entregar o outro devendo sempre proteger uns aos outros amém. Homens são seres pacíficos e irmãos, unidos por uma forte relação mútua de amizade em razão da espécie. Se existe alguma desavença entre eles, bom, é quase certo que existe o dedo de uma mulher no meio. Aquelas brigas masculinas que abrem clareiras em multidões, por exemplo... Sempre tem uma pobre mulher histérica e descabelada no meio tentando, sem sucesso, apartar a briga não só porque ela odeia essas coisas mas porque ela foi, de fato, a causa do sangue derramado.
Mulher é um perigo, eu to dizendo.

"O fato das mulheres geralmente serem mais falsas do que os homens, acredito eu que seja uma consequencia da grande disputa (natural) que há entre as representantes do sexo. Sabe aquele ditado que diz 'se não pode com seu inimigo, alie-se a ele'? É mais ou menos isso. Acho que é como se a pessoa precisasse estar perto da seu "alvo" pra saber de sua vida, o que faz"

Isso me faz pensar.
A guerra é uma característica da sociedade em que vivemos. Mas é interessante perceber que, incorporada a esse mecanismo, existe uma guerra dos sexos. Os homens fazem guerra uns com os outros fazendo uso da força física, da pouca racionalidade e guerream sempre buscando alguma recompensa ou prêmio. As mulheres, noutra vertente absolutamente oposta, se debruçam sobre uma forma de fazer guerra que, bom, é absolutamente diferente (tinha que ser...).
Em primeiro lugar, nem sempre uma mulher luta contra outra em busca de uma 'troféu'. As vezes ela quer, simplesmente, arruinar a vida da menina por pura psicopatia convicta. Se sentindo incomodada com o brilho de uma mulher que ofusca o dela próprio, destina-se a "cabá cá vida" da criatura. Isso merece um estudo e eu vou fazê-lo um dia. Escuto demais histórias de amigas falsas e pscicopatas. E o lema de toda leona assassina que a gente vê por ai é justamente esse: "se não pode com o inimigo, alie-se a ele".
Uma amiga minha coitada, era super amiga de uma menina (que eu inclusive tinha adotado como minha amiga tambem), mas pelas costas a criatura fazia aquele inferninho de fofoca e inventava um monte de história que nem existia. O pior é que as vezes a pessoa é ingenua e acha que esse tipo de coisa não existe do lado de fora do roteiro de "Malhação", mas é daquele mesmo jeitinho que acontece na vida real e com direito a carta anonima com letrinhas recortadas de revista viu? (mentira, hoje existe email né... mas dá no mesmo).
Mulheres são seres sociais por natureza, elas já nascem com aquele dom de cabelereiro, sempre puxam conversa até com as mulheres que elas nunca viram na vida e as trata como se elas fossem amigas de longa data. E é justamente por caminharem tão bem nesse meio, que elas fazem da sociedade o seu front de guerra. Quando eu vou pra essas festas, eventos sociais eu sempre fico observando.
Em primeiro lugar, é estratégia básica sempre andar em bandos. Nada como um monte de mulher junta pra causar aquele impacto. E de preferencia num jeito "High School Musical" de viver, todas andando em camera lenta. Pronto. Ai lá vem elas vestidas num arrasa quarteirão, montadas em seus saltos assassinos, carregando as bolsas abarrotadas de cartucho de bala, granada e dinamite, e com o cabelo, claro, ainda saindo fumaça da pranchada que elas deram antes de sair. Ali já to vendo um exército. A líder é sempre a mais expansiva do grupo e não necessariamente a mais bonita. E ela é a lider justamente porque chega falando com todo mundo, as vezes é a típica "amiga dos meninos" e, principalmente, porque causa olhares de "não te suporto" em outras meninas. Ai haja cochicho pra cá, fofoca pra lá, exibicionismos e, claro, a arma mais antiga da guerra feminina: a falsidade.

"- Ahhhhhhhhhhhhhhh - (tem umas que se cumprimentam assim)
- Amigaaaa!!!

- Menina amei o teu cabelo, fizesse o que nele?
- Ah eu fiz um alisamento egipcio! Ficou bom? - (nao sei nem se existe esse alisamento. Hoje em dia tem tantos que eu nem decoro mais. É do árabe ao californiano, do açucar ao chocolate. Não sei qual o problema de vocês com cachos e ondas)
- Adorei!! Ei, depois a gente combina de sair né?
- É! Tem meu celular ainda?
- Tenho, é aquele mesmo né? - (tudo mentira, ela não quer nem saber qual é o numero)
- É sim. Ligue mesmo.
- Tá bom, esse final de semana não vai dar, mas no próximo a gente combina. (essa foi a última vez que elas se viram)"

E se a falsidade é das mais refinadas, quando a menina chega em casa ainda deixa um recado pra outra no orkut dizendo: "adorei ter te visto hoje! xP". Você que não é besta nem nada sabe que isso só foi pretexto pra ela fuçar teu orkut inteiro, coisa que faz tempo que ela queria fazer mas não queria dar o braço a torcer ao aparecer l no seu registro de pessoas que te visitaram ontem. E pensando bem, se eu fosse mulher acho que eu não teria orkut. Na moral. É uma guerra! E você ficam ai vazando informações pro inimigo. E não vale de nada se o album e a página de recados está trancada pra estranhos. Pode ter certeza que alguns dos maiores inimigos de uma mulher está na lista de amigos dela.
É guerra e eu aqui no meio desse campo de batalha me escondendo atras do sofá e levantando bandeira branca. Mas não deixa de ser meio engraçado (pra mim que só estou vendo). É interessante observar a competição humana, que é natural a espécie, assim dessa forma. As mulheres por não representarem o lado da força física com sua participação sorrateira e implícita ao longo da história, souberam encontrar, de uma forma muito peculiar, a sua própria forma de fazer guerra como meio de vitória. Na guerra de uma mulher os objetivos são sempre muito passionais e intimamente relacionados a seus desejos, qualidades e defeitos. As armas são invisíveis e as estratégias são psicológicas. Ou seja, é uma batalha que não se enxerga e que, por isso, acaba se tornando tão ou mais perigosa que a guerra masculina de confrontos e ataques irracionais. Por isso, pense duas vezes antes de mexer com uma mulher porque certamente a vingança dela será fria e, sem sombra de dúvidas, será eficaz. E esteja certo que ela pode ser assassina, mas diferente dos homens, elas o serão lindas, poderosas e sem quebrar a unha.



Ui.

9/25/2009

em off

Postado por Quanta Luz |

Como disse uma amiga minha "a bruxa está solta". Tá todo mundo terminando o namoro ou caindo pelos cantos pela falta de um. E quando não é isso é namoro que entrou em crise. A bruxa, é claro, me afetou porque eu sempre sou afetado por essas coisas do mal.

E aproveitando que maysa fez cair meu mundo essa semana vou me dedicar, pela ultima vez nesse blog, a falar de sentimentos dessa espécie e, principalmente, será a ultima vez que vou falar de mim. Mesmo porque fazer isso muitas vez acaba adquirindo um tom demasiado filosófico.
Esse é um texto que escrevi há muito tempo atras mas que permanece assustadoramente atual. É da época em que meu antigo blog, que morreu ano passado por inanição coitado, era o meu cano de escape das coisas do mundo. Tive a necessidade enorme de divulgar esse texto e espero não estar sendo egoista fazendo isso. Até porque o palco e os spots de luz deste blog absolutamente não estão virados para mim e sim, para vocês. Com o perdão da intromissão, considerem esse post como uma breve pausa sonora de nossas conversas, assim como se, de repente, um acidente houvesse acontecido bem em frente ao nosso sofá deixando-nos sem voz.
Nesse texto coloco a pele pelo avesso pra ver se encontro a minha alma. Mas gosto de acreditar que mesmo nas coisas mais vicerais e profundamente perdidas existe, ali, alguma lição. Nem que seja a de enxergar o escuro para poder entender, finalmente, o que é a luz.

[flashback started]

"Jogo-me hoje, aqui nesta cadeira, para escrever novamente em mais um retorno nem um pouco triunfal a este lugar fadado ao abandono.
A grande novidade é que sofri efeitos de mais uma revolução na minha vida e que tudo que aconteceu entre a meia noite e as quatro horas daquela madrugada repercute até hoje. E na verdade, repercutirá por muito tempo.
O que não é novidade é que sofro disso que foi a grande razão da maior parte dos textos que se pode encontrar aqui. Sofro, logicamente, de amor.
Não tenho vergonha de dizer, porque todo mundo sem exceção vive ou já viveu isso que estou vivendo, embora a frequencia com que isto acontece comigo revele que sou uma exceção de alguma forma. Mas não é isso que vem ao caso, não hoje.
Hoje o que ficará registrado para sempre aqui é tudo o que estou sentindo agora e que é exatamente a mesma coisa que vou sentir pelas horas que virão a passos lentos. Quero somente me auto confessar nisso que é a expressão mais perto do alto e bom som que consigo alcançar.
Amo. Amo muito, sem remédio. Sou louco, pirado, apaixonado. Morro por amor e vivo de amor. Sou amor até a última gota do meu sangue e até o último verso da minha alma.
Amo e sou invariavelmente malogrado na minha busca incansável de solidificar esse sentimento... Mas o amor é mesmo líquido, se esvai, não importa onde esteja. E a despeito da minha plena consciencia sobre essa condição indigesta, insisto em acreditar que não... que ele está logo ali na ponta dos meus dedos. Mas na ponta dos meus dedos não há nada se não essas letras que digito às pressas com a vontade infame de atirar-me no mundo, sem dono, sem pensar e sem sentir. Jogar-me na multidão, no meio das luzes frenéticas e dos sons corrompidos, e por ela ser tragado, sugado e exaurido. Jogar-me de modo que assim esqueça por alguns segundos apressados qual é a razão daquele lugar ser o meu "ao redor", e daquelas pessoas serem meus 'amigos'. É disso que tenho vontade aqui nessa hora. Mas não seria mesmo muito tragico derramar lágrimas quando experimento essas línguas que nunca vou falar?
Seria...
É.
Primeiro foram dois. Tres, quatro, dez... Tantos quanto fossem preciso pra esquecer. E acho que isso é como uma droga que você cheira, que você injeta. Precisa de mais, sempre mais, cada vez que por ela você procura...
Ai chega uma hora que 20, 30 ou 40 não fazem qualquer diferença.
E é exatamente nessa hora, em que todas as ilusões já desbotaram e que você percebe que nada, enfim, irá curar o incurável, é nessa hora que você lembra.
Lembra das pequenas e borradas imagens das coisas que quase foram mas não são. Depois de ter vivido o nada absoluto por tanto tempo, você finalmente deixa-se cair no meio fio violentamente invadido pelos sublimes pensamentos que há muito tempo não te invadiam. E nesse torpor extasiante que te faz perder as forças e fechar os olhos, você se reconhece. Se encara de frente, como se numa alucinação remanescente de um estado esquizofrênico. Olha pra si mesmo e, consternado, vê a pequena parte de si mesmo que você acabou se tornando. Tudo por causa do amor.
Amor?
Loucura.
Amor é uma loucura.
Mas o pior de tudo é quando, ainda assim, você permanece ali, imóvel, na dureza do meio feio. Aguarda, mesmo sabendo ser inútil, que alguém te resgate dessa vida de exageros e desespero. Espera que a noite passe em sua intrigante falta de luz, ali deitado, inerte, quase dado por morto. Mas não é mesmo isso que acontece quando amamos e não há mais combustível que nos alimente? Morremos, porque um amor que não se completa não sabe viver sozinho. Aos poucos cansa, enfraquece e morre.
E a morte é o fim de quem ama. Não é mesmo isso que diz aquele verso?
"Quem sabe a morte fim de quem ama..."
Morro, de pouco... A cada segundo que o relógio marca.
Estou cansado.
Cansado de entreter, ser conveniente, admitir, ceder, sorrir por casualidade e até de chorar pela súbita constatação do mundo. Cansado de dizer que tenho preguiça quando tenho medo ou de ter sono quando há tanta coisa desperta.
Quero ter a leveza de cantar no meio de uma rua qualquer e sem fim, de pular o muro de um beco sem saída, de sentir a profusão de sentimentos do mundo, de entrar em ressonância com o ruído grave que emite a Terra em suas voltas intermináveis.
Quero, com algum direito, admitir que me apaixonei de novo, perdidamente por outra pessoa, e que este é o motivo das minhas olheiras.
Dizer bom dia e crer realmente que ele será bom. Acordar de manhã sem pensar nos problemas e nas coisas que não fiz.
Mas essas não são as confissões que travesseiros escutam nas noites mal dormidas. Essas não são as lágrimas que as mãos frias dissipam. Não são as palavras que dizemos em segredo a um amigo nem tampouco são os gestos que se perdem no ar estático de um quarto fechado.
São palavras duras, áridas...
Mortas de sede.
Palavras que suplicam aquilo que...
inegavelmente, não bebem."

[fim do flashback]

9/16/2009

sobre o amor que procuramos (parte 2)

Postado por Quanta Luz |

Lá estava eu esperando meu onibus naquele calor do mal quando percebo que estou sendo fatalmente acometido por uma das minhas crises existenciais. É interessante como esse blog e principalmente vocês, as quais a maioria eu nem conheço pessoalmente, se tornaram o lugar pra onde recorro na alegria e na tristeza, na saúde e na doença por todos os últimos dias da minha vida. E torcendo realmente para que a morte não nos separe, começo o post de hoje nostálgico o suficiente para falar disto que nos acomete "sempre e tanto": amor. Acho que finalmente estou chegando a uma teoria consistente sobre o assunto.
Está aqui escrito num post-it pregado na minha parede: "Escrever texto sobre as carencias que chamamos de amor". Isso quer dizer que já faz alguns dias que venho pensando sobre o assunto, mas só agora consigo admitir, de fato, a realidade das minhas idéias.
Esse ser vivo que tem me habitado nos ultimos dias, louco pra virar texto, nasceu quando li um email que um amigo meu tinha me enviado. Esse meu amigo tem um lado filosófico que lhe é muito peculiar e, no último parágrafo das coisas que escreveu, ele disse o seguinte: "Por que teimamos em buscar um par ideal? Por que isto é da natureza humana?"
Isso me intrigou. É fato que todos nós procuramos por alguém que nos arranque dessa vida de números ímpares onde nada é divisível. Só que poucas vezes ou nunca paramos pra pensar na razão de existir dentro da gente essa necessidade alucinada e absurda. E aproveitando que na minha listinha já contabilizo 6 meninas que terminaram o namoro nas ultimas semanas, tentarei ser útil neste pós operatório que é um fim de relacionamento esclarecendo o que eu acho que seja o motivo de buscarmos um par" ideal".
Em primeiro lugar a gente só se apaixona por uma pessoa se, ao mesmo tempo, precisamos dela. A nossa procura por alguém é, na realidade, uma busca secreta e inadmitida daquilo que nos faz falta. É natural que quando não temos uma coisa da qual sentimos falta, insitintivamente nos coloquemos a desejar e buscar. Quando encontramos alguém interessante, afinado com nossos desejos mais íntimos, descobrimos ali, em meio a fogos de artifício, uma forma de preencher as lacunas vazias que existem dentro de nós. É como se o outro pudesse lhe dar tudo aquilo que te falta. É por isso que se diz que a pessoa pela qual nos apaixonamos é uma projeção de nós mesmos. De alguma forma, com o tempo e por razões diversas, acabamos perdendo partes de nós mesmos pelos caminhos, criando fragilidades. E nessa situação em que nos vemos, procuramos, sem cuidado, por alguém que nos faça forte, felizes e, finalmente, completos.
Outro dia postei no twitter do elas, uma frase que me veio de repente. Disse que "é sempre um prazer imenso, quando amamos alguém sem precisar delas". É um alívio, na verdade. O fato de precisarmos de alguém é somente uma pista de como grande parte do que sentimos por ela provém de nossas fragilidades e carências e não da nossa vontade própria ou em resposta a sentimentos genuínos.
Tenho certeza que todas vocês conhecem ou já viveram relacionamentos que começaram quando uma das partes envolvidas ainda estava gostando de outra que não tinha nada a ver com a história. Eu próprio tenho nos meus círculos de amizade meninas que começaram um relacionamento não por amor ou paixão, mas porque precisavam de alguém que lhes fizessem esquecer de outro. Alguém que, pelo menos, funcionassem como um porto seguro ou a terra firme que se põe far far away da ilha de pedra e ondas que era, e é ainda, o amor antigo. Mas estas (acredito eu) tem consciencia de onde estão se metendo. Outras pessoas, no entanto, fundem amar e precisar numa mesma coisa.
Algumas, por exemplo, que não tem qualquer referencia do que é ter um pai ou uma mãe procuram, nos rostos que conhece, alguém que cuide delas. Pessoas que se apaixonam perigosamente fácil pela primeira pessoa que lhes dá um pouquinho mais de atenção. Tem gente que necessita desesperadamente de alguém que lhes dê carinho e nas mãos daquela pessoa que chama de "amor" encontram o afago que as faz dormir tranquila a noite. Existe por ai quem simplesmente não sabe ser sozinho e pula de um namoro pra outro, completamente perdido sem conseguir entender que o seu problema não tem nada a ver com relacionamento. Pode até exisitr pessoas que namoram na intenção, consciente ou não, de ter alguém que as ame, embora isto não seja de fato recíproco. Ou aquelas que são sozinhas na maior parte dos dias porque nunca encontram a pessoa que seja a personificação de um "ser amado", tudo porque ignoram o fato de que o amor não nasce pronto pra vestir. E o resultado é que uma grande parcela dos namoros terminam porque os dois deram inicio a um relacionamento construído sobre uma troca do tipo "preciso de segurança e você de carinho".
A alma tem anseios que na maioria das vezes não significam o que nós achamos que significa. O ser humano tem essa necessidade de encontrar-se no outro ou de achar nele mesmo a parte de alguém, mas sem entender que na realidade a felicidade não se trata de partilhar e ser partilhado. Para amar do jeito correto, ou seja, sem sofrer, acho que é necessário que primeiro sejamos completos, repletos de nós mesmos. Entendem o que eu quero dizer? Não se trata de ter alguém para ser feliz. Porque essa coisa forte e boa que sentimos por alguém é como um vento agradável que bate forte, assanha o cabelo, e vai embora. Só camufla nossas dores, sem curá-las. Devemos nos preocupar com aquilo que vai nos restar e vai perdurar. Com os anos, a gente acaba descobrindo que o que precisamos nem é o que buscamos. E mais uma vez no nosso desejo de fazer da própria vida um filme recorde de bilheteria, passamos a desejar que aconteça conosco uma revolução, uma reviravolta típica das comédias romanticas, que nos arranque da mesmisse ou das dificuldades. Desejamos, ainda que timidamente, encontrar alguém made for us ao dobrar a esquina, esbarrando sem querer. Ser percebido por alguém na hora em que paramos pra pensar, distraídos, numa quarta-feira qualquer. De encontrar alguém que seja tudo o que queremos e que nos fará melhores.
No fim das contas, acho que se trata de primeiro ser completo para poder viver em conjunto e, de uma vez por todas, amar corretamente. Trata-se de não sentir que ali naquela pessoa, você está aprisionado por um sentimento de dependencia. Acho fundamental que primeiro encontremos dentro de nós a verdadeira causa das tristezas e inseguranças. E mesmo que esta causa seja o fato de que você simplesmente quer muito um alguém pra vida inteira, pelo menos assim você terá consciencia disto que sente e então saberá o motivo de estar exatamente no lugar que está. Adote para sua vida o clichê "Sou mais eu" e é provável que você consiga amar alguém de um jeito mais feliz, saudável e, o que é melhor, sem dor.
É o que eu acho. Pensar assim, me faz melhor.
E aliás, não só eu estou pensando. Estou aqui dizendo o que acho e sinto, mas também traduzindo o que é um sentimento comum. Ao que parece chega uma hora da vida em que é simplesmente impossível continuar a ser massacrado por esta forma imprudente de se amar:

"Pra chegar nesse estágio tem que sofrer muito. Ai você pega aquela última gota de esperança que resta e, ao inves de apostar as últimas fichas no outro, você aposta em você mesma. Parte pra outra. As vezes não curada, mas ciente de que você merece mais do que ele poderia te dar."

e assino embaixo
;)

[para ler 'sobre o amor que procuramos - parte 1' clique aqui)

9/11/2009

Viver a Vida

Postado por Quanta Luz |

Acabou!!!!!
Não aguentava mais ouvir todo mundo dizer que Raj vai perdoar Maya e que Surya ia virar doméstica dos Ananda (o que de fato não aconteceu). Em todos os lugares em que eu me encostava pra sentar sempre tinha alguma rodinha de meninas numa dessas discussões fervorosa, cada uma competindo com a outra pra ver quem sabia mais sobre o que ia acontecer no final da novela. Assim não tem graça minha gente! A pessoa fica sabendo tudo que vai ter antes mesmo do capítulo ir ao ar. Chato isso.
Essa semana mesmo tinha uma menina conversando atrás de mim que af maria, eu fiquei morrendo de rir. A criatura de jesus tava tentando explicar qual era o parantesco do filho de Maya com Opachi. Porque tipo... O filho de Maya não era filho de Raj né? E, portanto, não era neto de Opachi, pai de Raj. Ai a menina tava querendo dizer que mesmo que Niraj, filho de Maya, fosse de Bahuan, ele continuaria sendo parente de Opachi porque Opachi é o verdadeiro filho de Shankar que por sua vez é pai adotivo de Bahuan. Acontece que ela passou longe de conseguir dizer isso porque ela se estrepou na própria lingua e não chegou a lugar nenhum.
Mas enfim...O que eu acho interessante é como a novela das nove mexe com a massa de mulheres nesse país. E, alias, vou confessar: eu próprio sou um noveleiro sem remédio desses que decora o nome completo das vilãs, sabe? Tipo Branca Letícia de Barros Mota, Laura Prudente da Costa e Silvia Pessoa de Moraes. E na realidade acho que todo bom brasileiro tem um apego com o horário das nove da globo né?
É por isso que eu acho que novela é que nem acidente de transito: todo mundo para pra ver. Não é de se causar surpresa que toda mulher (e não só elas!) acompanhe fervorosamente os episódios do horário nobre, principalmente elasé que são as mestras faixa preta do dramalhão. Algumas até podem assistir um dia pra voltar a ver na semana seguinte, olhar uma cena ou duas e descobrir o resto que aconteceu lá no resumo da revista de fofoca...Mas se tem uma coisa que é simplesmente imperdível, é mês final de novela. É uma emoção a cada capítulo. Ultima semana então... Me atolei geral na faculdade por causa dessa novela desgraçada que nao me deixava fazer nada (exagerado). E não só eu! Nesse ultimo mês tenho ouvido elas se queixarem sorrindo que chegam em casa e não conseguem fazer nada só pra assistir a novela.
A fórmula de tanto sucesso é basicamente a mesma sempre e varia de acordo com o autor. Vou fazer um mini pódio aqui pra ficar melhor.
Em quarto lugar eu vou colocar as novelas de Aguinaldo Silva. Você talvez não saiba quem ele é mas com certeza acha esse nome familiar. Então... Lembra daquela novela que tinha Marcos Palmeira na pele de Guma, que ele era pescador, devoto apaixonado de Iemanjá, que fazia par com Flávia Alessandra? Pronto, o cara é o autor dessa novela, Porto dos Milagres. O que eu gosto de Aguinaldo Silva é essa viagem doida que ele faz nas tramas dele, sempre com uma coisa meio sobrenatural como alguém que voa, divindades que fazem aparições e todas essas coisas pairando no ar. Mas como eu prefiro lembrar uma novela por meio de suas vilãs, tenho que falar de Cassia Kiss interpretando Adma Guerreiro. Foi absurdo. Eu amava aquela mulher. Ela vivia envenenando tanto a galera com aquele pozinho que ela guardava no anel que no final acabou morrendo pelo próprio veneno. Mas pra mim a melhor novela de Agnaldo Silva foi A Indomada. Só a abertura já era o máximo... Nunca jamais em toda a história do mundo eu vou esquecer quando, no ultimo capitulo, Altiva (Eva Wilma) morre num incendio, aparece no meio da fumaça e diz pra todo mundo ouvir: I will be back, com aquele gracioso sotaque que lhe era característico. (Meu Deus, segurem meus radicais livres que eu to ficando velho).
Para Gilberto Braga eu dou o terceiro lugar. O Brasil em peso queima as lamparinas do juízo durante oito meses pra descobrir quem matou o carinha lá no inicio da novela. Tanta especulação que enche o saco. É ele o autor de Celebridade, lembram? A novela de Laura Prudente da Costa que, junto do seu michê Marcio Garcia, tenta a todo custo usurpar o patrimonio da apagada Maria Clara Diniz, interpretada por Malu Mader. Acho que todo mundo guarda na memória a surra que Laura levou de Maria Clara né? O Brasil adora um barraco, bora combinar. E ver a protagonista afundando a francesinha na cara da vagabunda que todo mundo odeia (e que eu amo), é como sair de alma lavada.
Em segundíssimo lugar vem Glória Perez. O Clone, América e, agora, Caminho das Índias são todas novelas da autora. Vocês devem concordar comigo que o ponto forte da trama é o apelo multicultural que ela dá a novela né? E acho que é por meio do seu trabalho que fica mais evidente a influencia da novela na vida do brasileiro, e em especial das brasileiras. Lembro demais as meninas aderindo aquela pulserinha de Jade que prendia no dedo e como todas queriam aprender a dança do ventre... Sem falar nos jargões que caem na boca do povo como "Ishalá", o "Não é brinquedo não" da Dona Jura e, mais recentemente, o "Are baba". Eu particularmente sou fã de O Clone, o que se deve muito a atuação de Giovana Antoneli... Ficava besta quando os olhos marejados dela encontrava os de Lucas nas areias do deserto ao som de "Somente por amor a gente põe a mão no fogo da paixão que deixa se queimar". Queria que passasse em 'Vale a pena ver de novo' pra acanalhar de uma vez por todas meus planos de ser um estudante aplicado.
E em primeiro lugar, acima de qualquer outro, está o PhD desta disciplina chamada mulher. Estou falando de Manoel Carlos, autor de "Páginas da Vida" que é, também e principalmente, o cara por trás daquela trama chamada "Mulheres Apaixonadas". Ali está um cara que sabe da alma feminina, com todos seus atalhos e esconderijos. Nas novelas dele o público feminino sempre encontra aquela personagem com a qual se identificam. E essa é a grande sacada dele: as mulheres adoram ver a si próprias, ouvir falar delas e, principalmente, ser entendidas. Não poderia deixar de comentar também sobre aquela cena clássica inesquecível de Camila (Carolina Dieckmann) raspando o cabelo ao som de "I said I didn't come here to leave you, I didn't come here to lose", em Laços de Família. Essa cena causou comoções até na época da reprise. Um dia eu chego lá, me aguardem.
rsrs
É como eu disse na semana passada. Toda mulher tem um drama particular e é justamente esse o motivo que transforma as brasileiras nas maiores consumidoras do mundo em matéria de teledramaturgia. Para elas novela é uma questão de encararem-se a si mesmas e de enxergar ali na tela a própria realdiade. Quando a Helena de Manoel Carlos chora suas paixões e grita suas insatisfações, é como se elas o fizessem também. Vocês não imaginam a quantidade de mulheres que existe por aí, cansadas de um casamento que deu errado e que não acaba. Então quando Regina Duarte chama José Mayer de "Ca-na-lha" a plenos pulmões em Páginas da Vida, ela o está fazendo por centenas de outras mulheres que a assistem. Quando Melissa Cadore desce do salto e vira chave de cadeia em cima da cara de Yvone, é a mão das mulheres traídas que a espancam. E quando Maya e Raj pontuam o último diálogo da novela com um simultâneo "Eu te amo", ali, envoltos num clima de mitologia, é a utopia feminina do amor pret-à-portér que se realiza.
É que cada mulher é um caso. Há mulheres que choram e sofrem para que depois do martírio independam de qualquer outra coisa que não seja delas mesmas para serem felizes. Existem mulheres que fazem de suas vidas as páginas de um romance exatamente com o mesmo drama e intensidade. Que manipulam os fatos e justificam os meios para alcançar os fins. Mulheres que são dentes e unhas, graça e afronta, força e delicadeza, tédio e alegria. No fim das contas, depois que se calcula os altos e prejuízos, a vida de uma mulher não é nada diferente de uma novela. São todas mulheres apaixonadas, escrevendo suas próprias histórias e traçando seus caminhos como senhoras do próprio destino. E nesse drama em que toda escolha é por amor e que nenhuma paixão é sem propósito, afinal se percebe que, a despeito da dor e da felicidade, o que nos faz humanos e melhores é, simplesmente, viver a vida, um dia de cada vez. Porque é fato que tudo o que nos acontece é por uma razão. E nesta louca experiencia que vivemos aqui, sem ter qualquer noção de para onde estamos indo e muito menos por que, a única certeza que guardamos bem la no fundo de nós mesmos é de que, no fim e apesar de tudo, as coisas vão terminar bem.
Assim, como o ultimo capítulo de uma novela.

9/05/2009

conversa de horário nobre

Postado por Quanta Luz |

Tô de ressaca, numvomentir.

De uma vez por todas PA-REI com bebida destilada. Daqui pra frente só tomo suco de lúpulo (vulgo cerveja), que é suave, embriaga devagar e é uma delícia de bebida. Tomei uma cana braba com a mulherada ontem e com direito a forró pornô e música ruedeira, daquelas que todo mundo canta junto, de olho fechado, braço pra cima e mão no peito. Não desejo pra ninguém ouvir Vitor e Leo cantando "Quem de nós dois vai dizer que é impossível o amor acontecer" depois de cinco doses de cana. É a coisa mais 'se joga na fossa e me chama de barata' que existe. O fato é que nessas horas, quando você tem mais alcool do que sangue nas veias, a verdade sai que é uma beleza. E como eu nunca esqueço de vocês, me debrucei no sofá (literalmente) e registrei todos os poréns. Vou contar.
Tudo começou quando eu estava muito bem comigo mesmo, na minha faculdade, embaixo de uma árvore esperando a aula começar. Um treco começou a vibrar no meu bolso. Tinha recebido uma mensagem:

"Começa umas 15h. Traz algo pra beber (canaaaaa)."

Já havia esquecido que dias atrás tinha combinado de ir beber na casa de Sayuri (esse texto está repleto de codinomes) na sexta. Pronto... já visualizei toda a bagaça que ia ser aquela reuniãozinha. Flasbacks da ultima festa na casa dela invadiram minha mente e me fizeram rir.
Fui pra aula e, depois, comi qualquer coisa pela universidade mesmo. Até então eu realmente acreditava que ia assistir minha aulinha de matemática da tarde.
Até que Susie (lembram de Susie?) liga pra mim:

- Cade você? - voz de quem ta tomando cerveja
- Susie! Já já eu to chegando ai! - por que eu disse que tava chegando?? vou demorar pelo menos umas duas horas!
- Venha logo! Já comprou a cana?
- Não comprei não, vou comprar quando tiver indo...
- Certo, venha logo... Tchau.

Ninguém merece aula numa sexta a tarde né?
Também acho, e foi por isso que eu fui embora dar inicio aos "trabalhos".
Era umas quatro e meia quando cheguei na casa de Sayuri. Tava tocando chorameliga e tinha quatro meninas reunidas ao redor de uma mesa. Mon Dieu! Isso pra mim é um prato abarrotado de sushi! Fui logo pegando minha cerva e entrando no clima. Não deu cinco minutos e já tava conversando com Susie sobre o namoro dela.
Susie é o seguinte minha gente... Tem dias que ela está apaixonada, louca e desvairada pelo namorado dela. Outros, no entanto, ela não aguenta mais aquela criatura na vida dela e considera seriamente a possibilidade de terminar tudo. Quanto menos uma pessoa vai atrás dela, mais ela se apaixona. Basta tá comendo na mão, que de repente desencanta.

"E é justamente por isso que eu não termino com ele. Porque eu sei que na hora que eu terminar eu vou ficar coçando pra voltar pra ele. É melhor deixar assim... O problema é que quase todo dia eu penso em terminar o namoro ou me casar com ele!"

Rimos da situação. Ninguém nunca acreditou que Susie fosse permanecer tanto num relacionamento. É um namoro meio conturbado, onde toda bala é trocada, todo perdão é aceito e aos tropeços vai sobrevivendo. Concordamos que talvez seja essa 'liberdade' em que um não sabe exatamente o que o outro andou aprontando que permitiu que o namoro continuasse.
Acho que seja saudável não ter o controle da situação quando se está dentro de um relacionamento. E alias, mulher controladora é tudo o que todo homem mais abomina numa mulher. E se você é do tipo que rói todas as unhas enquanto é corroida pelo ciúme e desconfiança, um conselho: não deixe que ele perceba. Mulheres são inteligentes, certamente você vai encontrar uma forma de saber se ele tá colocando chifre em você. Até porque, nunca vi bicho pra ter tanta espiã espalhada por todos os lugares como uma mulher. E tem mais: homem não sabe trair. Então sempre existem pistas a serem descobertas e você sempre pode recorrer ao cara-a-cara, porque além de não saber trair direito eles não sabem mentir.
Antes que anoitecesse, Niki apareceu no portão da casa de Sayuri (adoro os meus codinomes) com mais um arsenal de bebida. Não a conhecia, mas só em ser mulher me causava curiosidade. Fiquei me comendo pra saber a história dela:

"coloca uma dose de cana pra mim, que hoje eu vou beber"

Quando uma mulher diz isso, no mínimo tem algum homem envolvido na história. Claro que eu não podia chegar na menina e começar a fazer perguntas que nem uma metralhadora. Existe um limite pra essas coisas. Mas aá com o tempo, e depois de alguns goles, ela foi se libertando. A história era que o menino tinha terminado o namoro com ela porque ele achou que ela tinha colocado chifre nele. (exatamente assim, sem provas ou qualquer certeza).
Hã? Taí! Essa história eu nunca tinha ouvido em todo esse tempo. Um cara que termina com uma menina porque ele acha que ela fez uma coisa que ela, na realidade, não fez. Na hora já achei que fosse pretexto dele pra terminar o namoro, como se a culpa fosse dela e não dele. Fiquei calado.
Bebida vai bebida vem, notei que ela tava segurando o celular dela. Pronto. Se tem uma coisa que não combina é mulher ressentida, bebida e celular. Pode ter certeza que ela vai ligar pra ele a qualquer momento dizendo toda e exatamente cada palavra que ela nunca jamais em hipótese alguma deveria dizer a um homem numa situação dessas, em especial nessa em que Niki estava. Dito e feito. Mandou mensagem pra ele com algo do tipo "gosto de você mas foda-se".
E é isso mesmo. Mulher não tem que ficar se submentendo a homem nenhum principalmente os que não valem a dor de amar. Foi ai que a minha ficha caiu. Homens são mestres em se fazer de vítimas e amam quando uma mulher se arrasta por ele. E era isso que o semi-ex-namorado dela estava fazendo. É só mostrar que você independe dele e, principalmente, que a sua fila anda, pra que tudo mude. Detalhe: ele foi busca-la pra conversar depois. Os homens são previsíveis na mesma medida em que as mulheres são complicadas de entender.
E a mensagem de Niki até que poderia ter dado mais certo se Sayuri, que a esta altura tava mais chutada do que latinha de cerveja em dia de carnaval, não tivesse ligado para o dito cujo dizendo que Niki tava bebendo e se ruendo toda de tristeza. Anulou toda a mensagem que a criatura passou horas pra escrever e mais outras duas horas pra ter coragem de enviar.
Mais uma vez: paixão ressentida, alcool e celular NEVER!
A essa altura da festa, o lugar já tava cheio de gente de toda espécie. Meninas estilosas vestindo o hype da estação, meninas-meninos, rocky girls e, claro, aqueles meninos iguais de sempre com boné, bermuda florida e tenis (a coisa farinha do mesmo saco é real). Foi quando Susie recebeu uma ligação:

"Eita! Olha quem ta ligando pra mim!"

Era Miss Sunshine.
Bom, Sunshine é aquele tipo de menina do bem que dá vontade de guardar e cuidar. Só que de tempos em tempos ela desaparece. Por coincidencia (ou não) esses períodos correspondem a época em que ela ta namorando. É aquela velha história que gera controvérsias do tipo "ela só quer saber da gente quando tá sem ninguém". Acho um exagero isso... As vezes é dificil conciliar as amizades e um namoro, principalmente se os amigos não conhecem e nem são amigos do namorado dela né? O que vocês acham?
Bom, de qualquer forma, o fato é que Sunshine tinha acabado de terminar o namoro. Como toda mulher, ela já tava enviando o código-alerta grau 1 para todas as amigas. Sim, porque este é um evento de máxima relevância no contexto feminino. Relacionamentos está para mulheres da mesma forma que futebol está para homens. Da mesma maneira que os homens se solidarizam uns com os outros quando o time deles perde uma final, as mulheres fazem montinho ao redor de lenços e lágrimas quando uma delas termina um namoro, oferecendo todo um suporte técnico.
Na realidade Sunshine é que tinha colocado um ponto final porque sabia que as crises de ciúme do namorado fatalmente levariam o relacionamento a um precipcio. Da mesma forma que Niki, o namoro de Sunshine havia chegado a um fim por causa de eventos que jamais haviam ocorrido. Como pode uma coisa dessas?
Homem é um bicho que é orgulho puro, viu? Apenas a ameaça de estar sendo afrontado por outro homem, já é pretexto pra muita coisa. Na realidade se você parar pra pensar bem, nós homens (queria me manter fora dessa história, mas não dá) somos o lado da espécie mais próximo da descendência animal. Homens são movidos a sexo, usam a força física quando se sentem ameaçados e se estufam que nem pavões pra chamar a atenção de uma mulher. Outro dia fiquei observando uma roda de meninos quando duas meninas chegaram pra sentar com eles. É interessante como elas se tornam automaticamente o centro de todas as atenções e como cada um deles, sem saber, se coloca ali na disputa pra ver quem diz a coisa mais engraçada que faça elas rirem. Sim, porque todo homem sabe que mulher adora quem as faça rir.
Mas enfim...
Depois de ter dado o recado e colocado os sentimentos pelo avesso, Sunshine foi embora, deixando Susie e eu, trebados e bebados, respectivamente, ali na calçada. Quando a gente tava entrando, Susie me bombardeia novamente:

"Todo dia eu penso em terminar com ele e me casar com ele!"

rsrsrs
Ok Susie, já vi que todo mundo resolveu terminar namoro essa semana. Se você terminar, vai ser a quarta em menos de dois dias. Isso me fez pensar.
Cada mulher tem seu drama pessoal. Existem aquelas cuja a história se resume em amar e não ser amada. Outras que amam o homem que, entretanto, não é o mesmo com o qual se casaram... e que por isso será aquele que invadirá suas mentes numa quarta feira de cinzas. Tem aquelas que nunca amaram realmente e que ano após ano, decepção atras de decepção, tatuam na alma que 'o amor não existe'. Mulheres que amaram muito "sempre e tanto", mas que a convergencia dos eventos naturais da vida levaram para longe o que poderia ser o amor maior de suas vidas. Há aquelas que lidam com a morte, e para essas não há conselho senão seguir em frente, apesar dos pesares. Outras que vivem a estranha dor de não conseguir deixar de amar alguém que, ainda assim, só as faz sofrer. E há também as que amam, são amadas, mas do jeito errado.
No fim das contas é mesmo isso que as faz mulheres, com toda a força que cada uma dessas letras implicam. Ser mulher é exatamente isso: tirar dos dramas pessoais a força para enfrentar tantos outros e continuar a viver linda, feliz e cheia de poder.
E se a situação tá naquele level hard que você não aguenta mais, sempre existe a opção de reunir os amigos e encher a cara pra ser feliz né? rsrsrs
É como dizem por ai:

"Vamo beber, porque amar... tá FODA!!"

kkkkkk

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